Aline Flamínio Machiti: “Arquitetar não é um artigo de luxo, é qualidade de vida”
A jovem arquiteta e urbanista é destaque em inúmeros projetos em Rio Pardo, na região e até na capital
Desde pequenina ela já demonstrava facilidade em desenhar as tantas curvas e figuras geométricas, bem como apreciar os números. O encantamento pela precisão das linhas e dos cálculos acabou se tornando sua profissão e ela, aos 38 anos, vem se destacando como arquiteta e urbanista em Rio Pardo e na região.
Hoje, nossa entrevista especial de sábado destaca um pouco da história profissional de Aline Flamínio Machiti, que contou ao site o dia-a-dia agitado, que na maioria das vezes começa com o pé nas obras e termina sentada à frente do computador desenhando seus inúmeros projetos.
A arquiteta e urbanista, que realiza desde projetos de pequenas reformas até aqueles mais complexos, inclusive o acompanhamento da obra, disse que a arquitetura não é artigo de luxo, mas sim qualidade de vida, e que sua maior satisfação profissional é ver um sonho de seu cliente realizado.
A dedicação de Aline impressiona: além de planejar, projetar e desenhar os espaços urbanos, ela orienta seus clientes com relação ao melhor custo benefício em materiais, por exemplo, bem como outros serviços que serão destacados ao longo da entrevista. E com um detalhe que faz toda a diferença: o uso do smartphone para orientar pedreiros, bem como seus fornecedores e até os próprios clientes, que ganham tempo quando ela já envia aquela opção linda e funcional para o piso da cozinha!
O ‘pulso firme’ para a execução perfeita de seus projetos não faz com que Aline perca o jeito doce, o sorriso meigo e o bilho no olhar de quem realmente tem muito amor pelo que faz. Estão curiosos para saber tudo sobre essa competente e talentosa profissional rio-pardense? Então, confiram!
Natália Tiezzi Manetta: Aline, qual o motivo da escolha pela Arquitetura?
Aline: Escolhi a arquitetura porque percebi que, além de trabalhar com o sonho das pessoas, executaria minhas habilidades por meio da mesma. Eu me coloco no lugar do próximo, entendo o seu ponto de vista, capto suas necessidades e desenvolvo projetos que atendam às suas necessidades, podendo realizar os sonhos e dando mais qualidade de vida. Levo sempre em consideração dois pontos importantíssimos: a necessidade e o sonho. A proposta escolhida para cada cliente deve equilibrar esses dois polos e aproximar a obra do sonho, contemplando todas as necessidades.
Quando você começou a trabalhar?
Iniciei ainda na faculdade fazendo estágios na SMPOS (Secretaria Municipal de Planejamento Obras e Serviços). Posterior formada, iniciei os trabalhos em um escritório de arquitetura na cidade de São João da Boa Vista, onde, durante 4 anos, aprendi e cresci muito como profissional. Quando estava no terceiro ano em São João, simultaneamente, iniciei os trabalhos na SMPOS tendo o último ano em São João apenas aos sábados. Posteriormente, com um aperto no peito, priorizei os trabalhos na SMPOS deixando o trabalho em São João. Foram 8 anos de SMPOS e 1 ano de Cadastro Imobiliário. Fui convidada a trabalhar no CI, por conta de um curso de Avaliação e Inferência Imobiliária que fiz em São Paulo.
Saí no final de 2016 da Prefeitura. O atual Prefeito me convidou para retornar, porém, com a demanda aumentando em 2017, já não tinha tempo para Prefeitura, iniciando outra jornada com acompanhamento de obras, projetos arquitetônicos, de vigilância sanitária, laudos, EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), bombeiro e interiores.
Você já enfrentou uma grande dificuldade em algum projeto? E qual é o seu maior prazer na profissão?
Minha maior dificuldade é que todos os dias surgem novas adversidades e o mais curioso de tudo é que cada dificuldade puxa uma nova atribulação. Procuro sempre saná-la da melhor maneira, filtrando para que chegue ao cliente apenas o resultando já concluído. Outra grande dificuldade é que a arquitetura ainda é vista com desconfiança por grande parte da sociedade. Existem pessoas que acham que o projeto é artigo de luxo. Não sabem que projetar é pensar antes para ter qualidade de vida depois. Meu maior prazer na profissão é o fato de eu poder concretizar os sonhos com qualidade de vida dos demais. Isso me deixa realizada e faz com que eu enxergue o mundo sob outras óticas.
Qual foi seu maior desafio na profissão?
Ao longo desses 14 anos de carreira em arquitetura descobri que o meu maior desafio desta linda profissão não está na elaboração de um projeto único ou obra, mas sim em lidar com as pessoas que passam pela minha vida. A construção ou uma reforma de um imóvel é, em geral, a realização de um sonho. Por isso, ansiedade, preocupações, medo, cobrança e estresse são tão presentes durante o processo. Além do mais, compreensíveis. Eu, como arquiteta aprendi a lidar com esses sentimentos. E, infelizmente, isso não se aprende durante o período de formação na faculdade, é uma habilidade adquirida no dia a dia.
Você atende apenas clientes em Rio Pardo?
Não. Já fiz vários projetos também na região e outros um pouco mais distantes, como na capital.
Cite alguns projetos que desenvolveu aqui na cidade.
Fiz o projeto do Senhor Espresso, Malca Imobiliária e também no Mosteiro, sendo que este foi de cunho social. Tenho um carinho muito grande por todos, inclusive aquelas pequenas reformas que, muitas vezes, com materiais até mesmo recicláveis ou de custo muito baixo proporcionam um ambiente totalmente diferente, que enchem os olhos dos clientes e tornam os espaços funcionais e aconchegantes.
Vejo que você sempre participa de feiras, workshops, cursos, etc. As tendências mudam muito nesta área?
Sim, conceito que se reinventa dia após dia, a arquitetura, o design promete infinitas perspectivas para que o arquiteto trabalhe no projeto perfeito para cada cliente. Pude perceber na última feira, ABIMAD, que para 2019 e até para 2020 (para os mais ansiosos) surge uma consciência cada vez mais inclusiva e sustentável. A tendências e novidades para casas é de que as cores variem entre tons provenientes da natureza: verdes, azuis e terrosos. A paleta entre os tons de cada um desses é enorme, e os usos e forma de aplicação para os mesmos também.
A arquitetura segue tendências que são estudadas mundialmente por grupos especializados, e é definido de acordo com um comportamento que vem surgindo, uma fase ou uma nova consciência. O mundo hoje vive um momento de libertação, de ser o que se é, de empoderamento e isto tudo se reflete muito na arquitetura. Por isso as tendências estão sempre mudando. Também busco me atualizar com relação a cursos, inclusive fiz o Revit, que é bem específico e que me auxilia muito no dia-a-dia. A busca constante de conhecimento é essencial na minha profissão.
Para finalizar, gostaria que você definisse o que é uma casa, já que boa parte de seu trabalho é projetá-las.
Vou citar Jorge Romano Netto, arquiteto e urbanista, conselheiro suplente do Conselho e Arquitetura e Urbanismo e cidadão, o qual faço minhas as palavras dele. “Pensemos: o que é uma casa? Se acharmos que ela é apenas o edifício destinado a moradia, qualquer pessoa que domine a técnica, pode “desenhá-la”. Mas se aprofundarmos o conceito e entendermos que a casa é algo além de moradia, vamos descobrir que ela tem características subjetivas e específicas para cada pessoa ou família. Ela é o lugar para onde se vai depois de um dia de trabalho, quando o cansaço vem. Por isso tem que promover a alegria de voltar para o lar. É o espaço de repouso e descanso. Nos horários de ócio, a casa deve ser o ambiente de refrigério, encontro de amigos, familiar e lazer, enfim, ambiente propício para recarregar as baterias e encarar nova batalha no dia seguinte. Ir além do desenho (do projeto), além de ser desafio, é de grande responsabilidade. Pois a maneira de viver de cada família com as manias, hábitos, costumes, sonhos e, também, as economias estão postas diante do projetista de maneira invisível. Esses elementos são abstratos. O arquiteto se torna sonhador que sonha junto com o cliente e cria a ferramenta com a qual ele vai transformar o projeto em realidade. Deve existir relação de confiança e intimidade entre o arquiteto e o cliente para que tudo seja bem interpretado e, ao final, a casa seja a ‘cara’ do dono”.