Anelena Braghiroli fala da paixão pela profissão e dos 20 anos dedicados à Odontopediatria
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Ela é uma das profissionais mais competentes e queridas da cidade e região, que há 20 anos se dedica à Odontopediatria e é especialista em pacientes especiais. Anelena Simões Braghiroli é daquelas pessoas de riso fácil, que conquista, inclusive os pacientes e familiares, pela dedicação e transparência a cada trabalho realizado.
Ela gradou-se em Odontologia pela UNIP de Ribeirão Preto em 2001 e, apesar de não ter familiares dentistas, optou pela profissão porque sempre lhe chamou a atenção.
“Desde pequena comecei a fazer tratamento ortodôntico e eu adorava ir ao dentista na escola, pois na minha época havia esse profissional nas unidades escolares. Acho que foi a partir daí que me indetifiquei e quis seguir essa carreira maravilhosa, que amo e respeito muito”, disse.
A opção pela Odontopediatria surgiu durante o curso. “Na época da faculdade fazíamos até teatro para chamar a atenção das crianças e, como eu sempre gostei dos pequenos, enxerguei ali minha grande chance de me dedicar a eles por meio da Odontopediatria”, explicou Anelena.
Além da graduação, ela também desenvolveu muitos trabalhos científicos, sempre incentivados pela Dra. Delsa. “Ela foi muito além de uma professora. Me incentivou ao trabalho científico, outro grande prazer de minha vida, que é estudar, ler, conhecer, me aprimorar para oferecer sempre o melhor e mais adequado aos meus pacientes”.
CRIANÇAS E PACIENTES MUITO ESPECIAIS
Além da especialização em Odontopediatria, Anelena também possui capacitação para atender pacientes especiais, sendo uma das poucas profissionais em Rio Pardo e região que prestam este tipo de atendimento.
“Quando se fala em atender pacientes especiais muitos dentistas ficam receosos, pois realmente não é fácil. Assim como qualquer outra profissão, para ser odontopediatra tem que gostar do que se faz. Para atender as crianças e adolescentes especiais digo que tem que gostar um ‘tiquinho’ a mais, pois esses atendimentos também são e devem ser especiais”, destacou.
Após a graduação em Rbeirão, Anelena voltou a São José e trabalhava meio período em um consultório e meio período fazia trabalho voluntário nas escolas Cáritas e APAE.
“Depois que me efetivei, trabalhei durante 14 anos no Cáritas. Lá se tornou minha segunda casa e aqueles alunos um pouco meus filhos. Ganhei dois consutórios, que adaptei e com o auxílio da equipe colocamos para funcionar, porque ate então a escola não possuía atendimento odontológico”, disse.
Anelena se emocionou ao relembrar algumas histórias de alunos da escola especial. “Quando saí de lá as crianças vieram me abraçar, me beijar e até hoje, quando encontro algumas, elas mantém esse ritual de carinho comigo. Isso é muito gratificante. Dá uma sensação de dever cumprido. De que você, com seu trabalho, marcou positivamente e para sempre aquele ser humano”.
Ela disse que apredeu e aprende muito com os pacientes especiais. “Acho que eles nos ensinam que não há nada demais em ser diferente e que essas diferenças nos ajudam a sermos mais solidários, a entender a carência, o medo e a insegurança do próximo”.
CONFIANÇA
Anelena atende desde os bebês até os adolescentes, sendo pacientes especiais ou não em seu consultório e confessou que muitas vezes, antes de iniciar o tratamento odontológico precisa preparar a família para o mesmo. “A família, principalmente a mãe, que geralmente traz os filhos para realizar o tratamento, precisa confiar em mim e em meu trabalho para que eu possa desenvolve-lo da melhor forma possível”.
A dentista afirmou que sempre deixa claro todos os procedimentos que serão adotados para o tratamento com muita transparência. “E olha, te confesso que às vezes alguns familiares ‘impedem’ que os procedimentos sejam realizados de forma mais adequada, mas sempre pondero dialogando muito. Muitas vezes o que acontece é que os próprios pais têm medo de dentista por inúmeras razões e acabam passando isso aos filhos, o que é um erro. A família precisa ter o dentista como aliado, não como vilão!”.
Atualmente e também em razão de sua própria família, já que é casada e mãe de duas crianças, Anelena diminuiu um pouco o ritmo de atendimentos. “Antes da pandemia atendia cerca de 25 pacientes por dia. Hoje uma média de 15, 16 pacientes. Adaptei os horários para também ter tempo para minha família e, claro, para praticar o ciclismo, esporte que tanto amo”.
HISTÓRIAS MARCANTES
Em duas décadas de profissão, Anelena coleciona histórias marcantes, mesmo porque “cada paciente é único”, segundo ela mesma citou. “Certa vez uma mãe entrou em contato comigo, pois disse que havia visto na Internet que eu atendia pacientes especiais e o filho dela era autista. Confessou-me que nenhum profissional queria atende-lo por ser especial e que ele estava sentindo muita dor. Aquilo que cortou o coração. Até hoje trato o Bruno, que é de Vargem Grande do Sul e tenho muito carinho pela mãe, Regina”.
Outra paciente que marcou Anelena também era autista e a mãe chegou desesperada no consultório pedindo para que a dentista ‘arrancasse’ todos os dentes da criança. “A mãe desta menina estava cansada dela morde-la a todo momento. Expliquei que não seria possível fazer isso e realmente foi uma paciente difícil. Essa mãe era uma verdadeira guerreira e a única coisa que a acalmava enquanto fazíamos o tratamento nela eram músicas religiosas, que a mãe cantava calmamente à filha. Mães de crianças especiais são tão especiais quanto seus filhos. Sou apaixonada por elas, pelas batalhas diárias que enfrentam e mesmo assim não perdem o ânimo e acreditam sempre em dias melhores”.
PREVENÇÃO AINDA É O MELHOR REMÉDIO À SAÚDE BUCAL
Anelena destacou que trabalha sempre com a prevenção junto a seus pacientes. “Costumo dizer que essa prevenção começa antes de nascer os dentes e para o resto da vida, mas principalmente na infância. Os pais devem ficar atentos e trazer as crianças para consulta assim que nascer o primeiro dentinho de leite. Assim desenvolvemos também um trabalho de conscientização e prevenção junto com esses pais, pois são eles que estarão com as crianças no dia-a-dia”, recomendou.
Ela observou que as crianças devem continuar tendo uma rotina, mesmo diante da pandemia. “O que mais tenho visto aqui no consultório são crianças sem rotina, que ingerem muito açúcar, o que contribui para o aparecimento de cáries e outros problemas bucais”.
E ela afirmou que é melhor a “criança chorar para escovar do que para tratar o dente”. “Ainda ouço muitos pais reclamando que os filhos não escovam ou choram durante a escovação dos dentes. Por isso é tão importante esse trabalho de conscientização odontológica junto a eles desde que os filhos nascem. A escovação deve ser um ato de prazer, de prevenção a algo que pode incomodar, como a dor. E isso tem que ser compreendido desde a infância”.
Anelena concluiu agradecendo primeiramente sua família por todo apoio que sempre recebeu dos pais ao longo da graduação e destes 20 anos de carreira, bem como aos pacientes e familiares. “Dentista é confiança. É proporcionar segurança ao paciente e ao familiar. A Odontologia é muito além de fazer um dente parar de doer ou cura-lo. Como disse, ela é marcante e pode ser para o bem ou para o mal. Cabe ao dentista marcar esse paciente da forma mais positiva possível, assim como tento fazer cotidianamente aqui em meu consultório, com muito cuidado, dedicação e respeito a cada paciente que atendo”, finalizou.
Atualmente, Anelena possui consultório à Rua Dr, Costa Machado, 573 – sala 32, e além de particulares atende os convênios Nestlé, CPFL e Uniodonto.