Beatriz Feltran Maia fala sobre a carreira no Magistério e a paixão pela Educação Artística
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Uma mulher apaixonada pelas Artes e que passou três décadas de sua vida a ensina-la aos milhares de alunos que teve, principalmente na E.E. “Dr. Cândido Rodrigues”. O www.minhasaojose.com.br tem a honra de contar, nesta semana, um pouco da história de Beatriz Aparecida Feltran Maia, professora que marcou uma geração pela forma ‘artística’ de ensinar a Educação Artística.
Ela se formou no curso colegial de formação de professores para o ensino primário em 1974 pela Escola Normal Municipal Deputado Eduardo Vicente Nasser, atual Fundação Educacional e graduou-se na primeira turma de licenciatura em Educação Artística, 1977, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Pardo, atual FEUC.
Ao longo da entrevista, a professora contou por que optou pelo Magistério, cidades onde lecionou, sendo que iniciou sua carreira em Tapiratiba e momentos marcantes da carreira, principalmente as viagens que organizava para que seus alunos pudessem conhecer e vivenciar as Artes in loco, principalmente em museus.
Beatriz também falou sobre o comportamento dos alunos de ontem e de hoje, o que é o pior e o que é o melhor no Magistério, que carreira teria seguido caso não tivesse escolhido a docência, bem como os aprendizados ao longo dos quase 30 anos em sala de aula.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
Professora Beatriz, por que optou pelo Magistério?
Beatriz Aparecida Feltran Maia: Optei pelo magistério pois naquela época ser professora era uma opção excelente para a mulher que gostaria de trabalhar fora de casa, e não podia por exemplo mudar de cidade para buscar outra formação ou trabalho. Com a prática docente, percebi que a escolha foi acertada, pois me realizei em minha profissão, aprendi a valorizar e gostar da docência.
Qual foi a primeira escola que lecionou e para qual disciplina?
Comecei em Tapiratiba, lecionando na área da Educação Artística, com poucas aulas.
Após essa escola, quais outras instituições de ensino ministrou aulas? Até que ano a senhora lecionou?
No ano seguinte, consegui aulas em São José, na escola Stella Couvert Ribeiro, na qual permaneci por seis anos. Fiz o concurso da rede estadual para me efetivar em 1986, e assumi minha cadeira em 1987 na cidade de Piracicaba, no Distrito de Artemis, um grande desafio porque tinha que viajar horas até chegar a cidade e depois me dirigir à zona rural, onde se encontrava a escola. Tive o apoio da diretora na época, que me acolheu em sua casa para que eu pudesse cumprir os dias de aula. Lá permaneci por apenas 15 dias, pois tive a felicidade de poder remover temporariamente meu cargo para a escola Cândido Rodrigues, em nossa cidade, na qual me estabilizei e permaneci até completar 27 anos de magistério e aposentar, no ano de 2008.
Qual foi o momento mais importante de sua carreira?
Penso que tive muitos momentos que considero importantes, junto aos alunos e colegas de profissão. O que gostava de proporcionar aos nossos alunos era as viagens culturais, que oferecia a nós oportunidade de ampliarmos nosso conhecimento e vivência artística, histórica, cultural e também estreitava os laços de amizade e admiração entre alunos e professores. Em especial, lembro de duas viagens que me marcaram por sua importância à época: a exposição dos 500 anos do descobrimento do Brasil, na Bienal de São Paulo, e a visita na Casa de Portinari, em Brodowski. Com essas viagens pedagógicas pudemos ter contato com obras raras, vindas por exemplo do Museu do Louvre, de Paris, e também aprender sobre a história de formação de um artista brasileiro reconhecido mundialmente como Portinari, etc. Foram momentos de grande satisfação pessoal e profissional.
Algum aluno ou aluna lhe marcou ou foi especial neste seu período no Magistério? Por quê?
Me considero uma professora realizada, pois até os dias de hoje tenho a alegria de reencontrar vários alunos que me agradecem pela forma que os tratava, pelas aulas e viagens e percebo que têm muito carinho pelo que vivenciaram na escola. De minha parte, fico muito feliz quando recebo esse retorno, vejo que os ex-alunos estão bem profissionalmente e guardam boas lembranças da escola. Se destacam alguns casos de alunas que disseram ter escolhido a profissão de professora de Artes, tendo minhas aulas como inspiração, o que é muito gratificante.
O que é o melhor e o que é o pior em ser professor?
A melhor parte de ser professor é o retorno dos ex-alunos que se encontram bem sucedidos profissionalmente e pessoalmente. Dá uma sensação de dever cumprido, que que fizemos bem nosso trabalho. A pior experiência de ser professor, na minha opinião é quando estamos diante de uma turma indisciplinada, que não se compromete com os estudos.
O que falta nos alunos dessa geração em relação aos de gerações anteriores?
Percebo que falta maturidade, objetivo para o futuro e falta de entusiasmo com os estudos. Nas gerações anteriores pareciam que viam na escola um meio para atingir seus objetivos e isso fazia diferença no dia a dia das aulas.
Se não fosse professora, qual profissão teria exercido?
Eu gostaria de ter sido paisagista ou empresária no ramo da moda.
Qual é a sua maior saudade da sala de aula?
A maior saudade que tenho é da convivência com os adolescentes e jovens, da sua alegria e energia contagiante.
Para finalizar, sei que muito ensinou, mas qual foi o seu maior aprendizado no Magistério?
Meu maior aprendizado foi desenvolver o sentimento de altruísmo, de ajudar o próximo, no caso os alunos que tinham dificuldades e assim valorizá-los.