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Carla Russo: Do giz de cera à Bienal de Artes de Milão

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A premiada Artista Plástica contou um pouco de seu amor pelas cores e texturas, que começou quando ela tinha apenas 11 anos

Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta

Quem observa suas magníficas telas, que misturam cores e texturas na medida exata para despertar os mais diversos sentimentos e emoções, nem imagina que a artista por trás do cavalete, que segura os pincéis com doçura e firmeza na mão esquerda começou a fazer ‘arte’ a partir de uma caixa de giz de cera.

Nossa reportagem destaque da semana apresenta a Artista Plástica Carla Russo, uma mineira de Monte Santo de Minas, ‘mas rio-pardense de coração’, como ela mesma se define, que contou como a arte cruzou seu caminho e tudo que aconteceu nestes últimos 42 anos desde que pintou pela primeira vez as paredes da antiga escola onde estudava.

“Certa vez, quando eu tinha meus 11 anos, minha mãe me presenteou com uma caixa de giz de cera que, automaticamente, se transformou em desenhos pelas paredes do colégio. Meu pai mandava pintar novamente e aquela parede limpinha já me inspirava de novo. Eu enxergava ali uma tela em branco! Até que a professora de artes conversou com meus pais e disse que ‘ninguém podia mais com a minha vida’… Que eu tinha um dom para as artes, pinturas, desenhos. Foi então que eles me matricularam em um curso de Educação Artística particular. De lá para cá mais de quatro décadas se passaram e a arte está cada vez mais presente em mim, seja como pessoa ou profissional”, contou.

Aos 13 anos, Carla fez sua primeira exposição e dali em diante o óleo sobre tela passaria a fazer parte de sua vida definitivamente. “Pintei esse quadro com apenas 5 cores, pois tinha que aprimorar as técnicas para mistura-las. Foi assim que aprendi, de uma forma simples e muita, muita dedicação”.

A primeira tela de Carla, feita por ela aos 13 anos, com apenas cinco cores

AS INÚMERAS EXPOSIÇÕES E PREMIAÇÕES NO BRASIL

O jeitinho tímido e a simplicidade da mineira acompanham-na até hoje, mesmo atualmente sendo uma das artistas plásticas mais importantes do Brasil, com expressiva participação e premiações em diversas exposições, além de quadros em espaços como o Palácio do Governo de São Paulo, além de Brasília, que fez um quadro a pedido do governo de Minas Gerais para um político que reside na capital do país.

Sobre o que mais gosta de pintar, Carla destacou o retrato acadêmico. “Entre tantas exposições, duas delas me marcaram muito. Uma delas foi quando expus no Consulado Árabe Sírio, em São Paulo, e conquistei o 2º lugar em meio a centenas de renomados artistas. A segunda foi durante uma exposição no Centro Cultural da Marinha, também na capital, onde fui premiada 5 vezes com o 1º lugar com uma tela muito especial para mim. Certa vez meu falecido marido, o Roque, e eu fomos a Sevilha e acompanhamos a procissão em homenagem à Nossa Senhora do Pilar. Ele fez uma foto maravilhosa e disse que talvez um dia eu pudesse retrata-la em uma tela. E foi exatamente essa tela que conquistou esses prêmios na exposição”.

O talento e o prestígio renderam a Carla o título de ‘Cavaleiro Oficial’, a comendadora das artes plásticas que representa o Brasil nas Artes mundo afora.

As inúmeras premiações de Carla pelo Brasil retratadas em medalhas, comendas e troféus

ENCONTRO CASUAL: PARCERIA NO AMOR E NO TRABALHO

A primeira exposição de Carla no exterior tem uma história curiosa. Ela, que não conhecia a Itália, resolveu ir para lá. Durante a temporada ficou hospedada em casa de família e quase não saía, pois dedicou boa parte de seu tempo aos estudos de Artes. “Sou formada em Artes, Administração, Ciências Contábeis e Magistério, mas o meu caminho era mesmo a pintura. Estudei muito durante essa temporada na Itália e, certo dia, resolvi sair, me divertir um pouco. Estava solitária em um restaurante quando um homem se aproximou e pediu para se sentar à mesa comigo (isso é costume na Itália, mesmo as pessoas não se conhecendo). Começamos a conversar e ele disse que era proprietário de galerias de arte. Nos encantamos um pelo outro, não apenas pessoalmente falando, mas profissionalmente também”.

Giovani, hoje marido de Carla, conheceu seus trabalhos e convidou a artista para expor em Florença. Assim, em maio de 2016, ela expôs suas belas telas pela 1ª vez na Itália. “Naquele mesmo ano, um crítico de artes soube da minha exposição em Florença, prestigiou a mostra, e assim surgiu o convite para eu participar da Arte Firenze 2016, onde conquistei o 1º prêmio”, disse.

A técnica precisa e ao mesmo tempo sublime de Carla conquistou os europeus, tanto que em 2017 ela foi convidada a participar do Prêmio Internacional de Arte de Paris, onde também conquistou o 1º lugar e recebeu a premiação do filho de nada mais, nada menos que Salvador Dalì. “O convite também foi feito por ele e me deixou extasiada. Foi uma exposição emocionante e receber o prêmio pelas mãos dele foi indescritível. Uma grande conquista para mim como profissional”.

Outra grata surpresa aconteceu dois anos atrás, quando, na Bienal de Veneza, Carla foi premiada com o “Leão Alado”. “Esse prêmio é como se fosse o ‘Oscar’ nas artes plásticas”, explicou.

Já no ano passado, Carla participou da “Arte Milano” e do Prêmio Arte Veroli, obtendo mais uma premiação em 1º lugar. A participação da artista plástica em exposições e o reconhecimento por sua arte fez com que fizesse parte da Casa Asta, uma das mais importantes e reconhecidas casas de leilões da Itália, onde suas telas estão sendo comercializadas.

BIENAL DE MILÃO EM OUTUBRO

Carla embarca para Milão em outubro para participar pela 1ª vez da Bienal de Artes. Ela também já recebeu convites para expor novamente em Paris, Florença e Salerno. “O convite para a Bienal de Milão foi uma grata surpresa. Algumas telas já estão até selecionadas. As demais exposições ainda terei que me programar para participar, contudo estou muito feliz pelo reconhecimento não apenas no Brasil, mas em outros países pelo meu trabalho. Quem diria que aquela menininha que começou a desenhar e pintar com uma caixa de giz de cera receberia prêmios tão importante nas artes plásticas. Confesso que jamais pensei que pudesse chegar tão longe. Agradeço, principalmente ao Roque, que infelizmente não está mais entre nós, pelo incentivo e inspiração, bem como ao meu querido Giovani, pelo apoio e por ter aberto as portas do mundo para a minha arte”, finalizou Carla.

E os rio-pardenses que fiquem atentos, pois apesar das exposições pelo mundo, Carla pretende expor no Museu Rio-Pardense “Arsênio Frigo” logo após a conclusão de sua reforma.

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