Da Casa de Cultura ao mundo circense: Rodrigo Rueda brilha nos malabares
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Quando o jovem Rodrigo Granado Rueda, 24 anos, começou a participar da Casa de Cultura e Cidadania ele não imaginava que a arte circense tomaria um lugar especial em sua vida e até profissionalmente falando. E, dentre tantas opções, as que mais se destacou foram duas bem distintas: a Dança e os Malabares.
A passagem pelo projeto, já extinto na cidade, abriu portas para dezenas de alunos que por lá passaram e com Rodrigo não foi diferente. Além das técnicas que aprendeu durante os cursos que participou, a Casa de Cultura o influenciou a graduar-se em Educação Física, curso que fez no Instituto Federal do Sul de Minas Gerais – Campus Muzambinho e concluiu em 2017.
Em entrevista ao www.minhasaojose.com.br, Rodrigo contou como sagrou-se campeão do Campeonato Latino Americano de Malabarismo, que neste ano foi promovido online, e o jovem rio-pardense conquistou o 1º lugar entre os 32 participantes de todos os países da América Latina, sendo apenas 4 deles brasileiros.
Ele também falou sobre a paixão pelas artes circenses, já que, como dizia Ferreira Gullar “a arte existe porque a vida não basta”, relembrou alguns momentos marcantes que a cultura lhe proporcionou, além de falar sobre seu futuro e do Trabalho de Conclusão de Curso que saiu do ambiente acadêmico e se tornou um livro. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
Rodrigo, o que te levou a participar da Casa de Cultura e Cidadania?
Rodrigo Granado Rueda: Iniciei no projeto da Casa de Cultura e Cidadania no ano de 2010 a convite de um amigo. A verdade é que eu não me interessava muito pelo projeto quando ele chegou na cidade, mas assim que comecei a participar e conheci as atividades que eram desenvolvidas lá, me encantei de uma forma inesperada. Rapidamente o projeto passou a ter uma importância muito grande para mim. Participei do projeto por dois anos, do início de 2010 até o final de 2011, e em ambos realizei aulas das linguagens de Circo e Dança, minhas preferidas dentro do projeto. No ano de 2016 também realizei um intercâmbio acadêmico no qual pude fazer parte do curso de graduação “Artes del circo” em Buenos Aires, na Argentina, através da Universidad Tres de Febrero, por um período de cinco meses.
E foi lá que aprendeu malabarismo? Como é trabalhar com os malabares?
Aprendi durante as aulas de circo, principalmente com o professor Caio Matricardi. A princípio eu achei que não fosse conseguir aprender, pois aparentemente não tinha nenhum talento, mas tinha muita vontade de aprender, então comecei a me dedicar um pouco mais e praticar também fora do projeto. A partir do momento que aprendi, me apaixonei e nunca mais parei. Pode-se dizer que o malabarismo é uma modalidade de manipulação e lançamentos de objetos que faz parte das atividades circenses.
O que mais te fascina nesta técnica dos malabares?
A princípio o que mais me fascinou no malabarismo foi a dificuldade de realização da técnica e a estética de alguns truques que eu via outras pessoas fazerem. Isso me motivou por vários anos a seguir praticando. Depois de um tempo, comecei a perceber que as possibilidades eram ainda maiores, e que era possível criar os meus próprios truques, ou seja, técnicas novas dentro do próprio malabarismo, nas quais eu conseguia colocar meu próprio estilo e minhas ideias. A partir daí, as possibilidades se tornam infinitas e, sem dúvida, esse sentimento segue me motivando até hoje a criar coisas novas. Por fim, também percebi que era possível unir o malabarismo às outras linguagens artísticas, como a dança, o teatro, entre outras. A potência visual e estética que essa modalidade traz para um espetáculo artístico é algo único e, portanto, fascinante para mim.
Recentemente você sagrou-se campeão latino-americano de malabarismo. Como foi essa competição?
O campeonato latino-americano de malabarismo foi parte de um evento maior, chamado de Battle Night. Esse evento é organizado pelo grupo Unicirclo Laguna, do México, e realizado ao vivo através de uma live pelo aplicativo Zoom e pelo Youtube. Nesse campeonato participaram pessoas de vários países da América Latina, como Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, El Salvador, Nicaragua, entre outros. No total, foram 32 participantes, sendo 4 brasileiros. Eu fui um deles e conquistei essa importante premiação para o Brasil.
Onde você já trabalhou e onde trabalha atualmente?
Já trabalhei como artista profissional na Cia. Aruanã no período de 2012 e 2013, e na Cia. D’artes como artista e professor de circo e dança nos anos de 2017 e 2018. Após me graduar, também trabalhei com aulas de Educação Física escolar em algumas escolas de Mococa-SP. Atualmente, dou aulas de circo e dança no projeto Nova.Mente e aulas de circo no projeto Circo na Escola, todos eles em São José do Rio Pardo-SP. Além disso, também trabalho com eventos e apresentações artísticas.
Qual a importância das Artes em sua vida?
Posso dizer que a importância da arte em minha vida foi imensurável e, tomando como base essa experiência, não tenho dúvidas de que também o seria para muitas outras pessoas. A arte e a cultura nos permitem ver o mundo de forma diferente, com mais sensibilidade e menos julgamentos. Gosto muito de uma frase de Ferreira Gullar que diz “A arte existe porque a vida não basta”. Infelizmente, para nós, a arte em nosso país ainda é muito desvalorizada.
Qual o momento mais marcante que o malabarismo já te proporcionou?
Me lembro de uma apresentação artística que fiz junto a outros artistas quando estava realizando o intercâmbio acadêmico em Buenos Aires, na Argentina. Assim que finalizamos a apresentação e agradecemos a todos, uma senhora bem idosa veio correndo me abraçar. Percebi que ela estava muito emocionada, e então ela me agradeceu por ter proporcionado a ela um momento tão incrível e me disse que não se sentia feliz daquela maneira há muito tempo. Aquilo me tocou de uma maneira muito forte.
Você pretende viver dos malabares no futuro? Já há planos com relação à sua carreira?
Sim, pretendo viver não apenas de malabares, mas do circo e da dança de uma forma geral, algo que estou no caminho para alcançar. Atualmente estou trabalhando em criação de números para apresentações artísticas e em formações para ministrar aulas e oficinas que unam a linguagem artística a educação física. Infelizmente, viver de arte em nosso país é um desafio extraordinário e um privilégio para poucos. É necessário lutar por uma valorização cada vez mais maior dos artistas para que mais pessoas consigam viver de seu trabalho.
E como surgiu a ideia de lançar um livro aproveitando sua pesquisa para o seu Trabalho de Conclusão de Curso? O que você aborda na publicação?
Esse livro foi uma grande realização para mim. Foi uma idéia que partiu da professora Lígia Kocian, que foi minha orientadora do TCC. Percebemos que o trabalho se encaixava dentro dos padrões e poderia muito bem ser publicado como um livro e, em parceria com a editora NEA (Novas Edições Acadêmicas) realizamos a publicação do livro, onde busco integrar a parte artística com a educação física. Minhas duas grandes paixões são as áreas artística e educacional. Nesse livro eu abordo a temática das Danças Urbanas voltada para as aulas de Educação Física escolar, visto que é muito importante a valorização dessa linguagem como conteúdo escolar pois gera uma democratização, um acesso maior dos alunos ao conteúdo. Além disso, outro objetivo da publicação do livro é de auxiliar os próprios professores que tenham vontade de ensinar esse conteúdo em suas aulas mas não possuem o conhecimento específico sobre o assunto. Para quem deseja obter o livro, estou disponibilizando em formato de e-book gratuitamente, é só entrar em contato comigo. É possível obtê-lo também em formato impresso, porém nesse caso existe um valor que é cobrado pela própria editora. Espero, com isso, contribuir ao máximo para o crescimento das áreas artística e educacional!
Para quer quiser garantir a leitura, o contato de Rodrigo é pelo (19) 99100-9796.