Da Enfermagem ao Piercing: Carol Rusini fala das profissões e de seu novo stúdio
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
O piercing, considerado acessório e adorno para muita gente, se tornou mais uma profissão para Ana Carolina Venezian Rusini, a Carol, como é popularmente conhecida. Graduada em Enfermagem em 2009 pela UNIP, ela encontrou nas delicadas e precisas perfurações mais um caminho profissional, e abriu as portas de seu novo studio à reportagem do www.minhasaojose.com.br.
Carol contou que o piercing entrou em sua pele e em sua vida em um momento profissional díficil. “Quando me formei enfermeira minha intenção era trabalhar em hospitais, como realmente aconteceu. Fiquei alguns anos trabalhando na Santa Casa, mas depois que fui demitida passei por um período de depressão, onde não encontrava ânimo para recomeçar talvez em outra profissão, já que a área hospitalar se tornou uma espécie de obsessão para mim”, destacou.
Mas, após inúmeras tentativas para voltar a atuar na Enfermagem em hospitais, Carol deu uma guinada profissional no início deste ano e, segundo ela, para muito melhor. “Isso aconteceu porque minha esposa, a Karina, olhou para mim um dia e disse: ‘vamos parar por aqui com essa obsessão para trabalhar em hospitais. Você pode e deve buscar outras oportunidades. Foi a partir daí que comecei a repensar a profissão. E, na verdade, o piercing surgiu depois que notei muitos equívocos realizados por alguns espaços e studios. Estudei muito, fiz e ainda faço muitos cursos para aprimorar as técnicas e enxerguei nisso uma possibilidade de fazer algo que eu realmente havia me apaixonado com muita dedicação e satisfação”, afirmou.
E ela ainda conseguiu aliar a Enfermagem à sua nova profissão de piercer, aliás, um diferencial de Carol. “Muitas técnicas que aprendi na Enfermagem, principalmente lidar com instrumentos pérfuro-cortantes, utilizo aqui no stúdio, bem como todos os protocolos de higiene, lições aprendidas na faculdade e colocadas em prática na colocação dos piercings”.
A formação em Enfermagem também auxilia Carol no tratamento humanizado com seus clientes. “Muitas pessoas ainda ficam ansiosas quando vão passar pelo procedimento de perfuração e acredito que os anos de experiência na enfermagem fazem com que eu passe mais segurança e tranquilidade”, explicou.
Nem mesmo a pandemia afastou a vontade dos clientes em colocar os piercings. “Comecei a colocação deles em fevereiro e mesmo durante a pandemia a procura não diminuiu, muito pelo contrário. Muitas pessoas, até com mais idade, tem me procurado, o que mostra que o piercing é uma acessório atemporal e pode ser feito em qualquer idade acima dos 18 anos”, disse Carol.
STÚDIO CAROL RUSINI ENFERMEIRA/PIERCER
A piercer e enfermeira abriu seu novo stúdio há quase um mês à rua Campos Sales, 384-B, centro. Nessa nova etapa, Carol disse que o espaço foi todo adaptado para atender seus clientes, inclusive neste período de pandemia que ainda vivenciamos.
No espaço ela faz perfurações nasais, auriculares, mamilos, sobrancelha, genitais, umbigo e lábios (feminino e masculino) para colocação dos piercings. “Trabalho com jóias apenas em titânio e aço cirúrgico 316-L, com garantia de qualidade e que são muito bem aceitas na pele”.
Ela informou que as mulheres são as que mais fazem o procedimento. “Mulheres de 18 a 60 anos me procuram e isso mostra que piercing não é só coisa de adolescente como anteriormente pensávamos. Hoje, com as mulheres mais confiantes e empoderadas, o piercing é uma forma até de autoafirmação, pois muitas delas não tiveram essa possibilidade quando eram mais jovens”.
Carol destacou que os homens também procuram para fazer o piercing no mamilo, auricular e nasal, porém uma procura menor que o público feminino.
“Além dos cuidados que tenho aqui no studio sempre acompanho o pós perfuração dos meus pacientes. Geralmente até peço para voltar para ver como está a cicatrização, enfim, esse acompanhamento é necessário para evitar qualquer tipo de problema”, informou.
Além das perfurações para piercing, ela também faz o chamado ‘furo humanizado’ em orelhinhas de bebês. “Faço uso de um catéter bem fino e todo procedimento é feito no tempo da criança, tanto aqui no studio, como nas residências, pois esse tipo de trabalho também realizo em domicílio, devidamente paramentada, para facilitar às mamães”, explicou.
O procedimento humanizado pode acontecer até quando a criança está mamando. “Como meu trabalho é agendado gosto de proporcionar tranquilidade à criança. Além disso sempre peço aos pais que me tragam a jóia antes para esterilizar e fazer o procedimento com todos os cuidados e higienização”.
Carol também gosta de acompanhar a cicatrização nestes casos e sempre recebe o retorno positivo das mamães. “É muito bom esse feedback das mães. Assim como os adultos, acompanho meus pacientes pequeninos para saber se realmente está tudo certo após os procedimentos. É um cuidado que gosto de ter e que também traz mais segurança aos pais”.
PIERCING: MUITO ALÉM DE UM ACESSÓRIO
Após quase um ano realizando as perfurações, Carol já vivenciou momentos marcantes e contou algumas histórias curiosas. Uma delas tem relação com os homens. “Geralmente, os namorados e maridos acompanham as mulheres que vão fazer a perfuração e alguns passam mal ao ver os materiais, sangue, etc, e até mesmo quando são eles que vão passar pelo procedimento. Acredito que são mais sensíveis que o público feminino neste sentido”.
Carol contou também uma história que a deixou emocionada envolvendo uma criança de 10 anos. “A mãe desta menina me procurou após inúmeras tentativas para colocar um brinco que não desencadeasse processos alérgicos na criança, que já havia utilizado jóias de todos os materiais possíveis. Falei sobre as jóias de titânio e coloquei um brinco na menina, que nunca mais manifestou reação alérgica. Dias depois, a mamãe dela me ligou e me contou da emoção da criança em usar um brinco pela primeira vez aos 10 anos. Saber que você ajudou uma criança a realizar um pequeno sonho é muito gratificante”.
Outra história que marcou muito Carol foi de sua primeira cliente que a procurou para fazer um piercing. “Ela é uma jovem senhora, à altura de seus 50 anos, que me procurou para fazer uma coisa que ela sonhava, mas que nunca teve ousadia em fazer. É muito bom contribuir com esses momentos de libertação, autoafirmação que principalmente as mulheres estão passando atualmente. E, algumas vezes, isso ocorre por meio do próprio piercing”.
Por falar nele, Carol o descreveu como muito além de um acessório. “Costumo dizer que nosso corpo é nossa casa. Então, por que não ‘enfeita-lo’ assim como fazemos com nosso lar? Entretanto, acho que o piercing é muito mais que um adorno: é uma questão de autoestima, estilo, que nunca sai de moda e qualquer pessoa pode te-lo, pois os valores da perfuração e das joias são bem acessíveis”.
Embora o procedimento seja simples e de fácil cicatrização, Carol recomendou que antes de tomar a decisão em faze-lo que o paciente consulte um piercer e faça a perfuração com profissionais e em locais seguros. “Segurança é tudo neste procedimento e por isso faço questão de aliar as boas técnicas da enfermagem aliadas às perfurações”, concluiu.
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho da piercer Carol, ela está no instagram no @c.rusinipiercer, no facebook carolrusinibodypiercer e também no whatsapp 98903-8808.