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David Callegari: 60 anos dedicados aos consertos de eletrodomésticos

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Aos 81 anos, o Mecânico Eletricista atende gerações em sua oficina, que está em novo endereço

Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta

As habilidosas mãos e o olhar preciso fizeram e fazem de David um dos profissionais mais queridos e procurados pelos rio-pardenses

É em meio a ferramentas, parafusos e fios que ele aprimorou seu dom em consertar eletrodomésticos. Com seis décadas de dedicação ao trabalho é difícil encontrar algum rio-pardense que já não o tenha procurado para consertar um chuveiro, um ventilador, um secador de cabelos ou um ferro de passar roupas.

E ele, aos 81 anos, esbanja vitalidade e aquele humor peculiar, uma de suas principais características que também fez com que cultivasse muitos amigos e se tornasse um dos profissionais mais conhecidos na área de Mecânica Elétrica na cidade.

A entrevista especial desta semana é com o ‘ilustre’ David Callegari que, após anos de trabalho à rua Treze de Maio, está de endereço novo e contando com uma companheira de trabalho muito especial, a dona Jandira, sua esposa há 52 anos.

David e dona Jandira: 52 anos de casamento e agora juntos também no trabalho

Ele contou que à reportagem que começou a trabalhar como Mecânico Eletricista aos 20 anos na extinta Eletromotor, que funcionava à rua Treze de Maio, mas que antes disso plantou e colheu muita cebola e café na roça. “Éramos em três irmãos (homens) e meu pai. Todos os dias nos dividíamos para cuidar da plantação de café e cebola que nossa família tinha, ou seja, comecei a trabalhar cedo, desde os meus 8, 9 anos”, contou.

Na Eletromotor, David trabalhou por 13 anos e depois optou por ter sua própria oficina, que funcionou durante 47 anos no mesmo endereço, curiosamente também à rua Treze de Maio. “Passei minha vida profissional quase inteira naquela rua. Além dos consertos na oficina, também fiz trabalhos de manutenção elétrica em várias agências bancárias e algumas lojas da cidade”, destacou.

Quando abriu a oficina, David fazia concertos em diversos eletrodomésticos, inclusive máquinas de lavar, geladeiras, enrolamento de motores, etc. “Depois fui me dedicando aos menores, até porque a tecnologia muitas vezes impede os consertos. Hoje em dia alguns eletrodomésticos são feitos para serem descartados mesmo, pois não se acha mais peças para reposição ou então a própria montagem do aparelho impede que seja consertado”, observou David.

E ele mantém clientes fiéis, bem como os filhos e até netos deles que procuram a oficina para consertar aquele liquidificador ou aquele ferro elétrico… “São gerações de clientes. Acho que devem confiar muito em mim, pois há décadas trazem seus eletrodomésticos aqui para consertar (risos)”, disse, sempre com muito bom humor.

MUDANÇA DE ESPAÇO: ADEUS À 13 DE MAIO E ADAPTAÇÃO

Durante a entrevista, Cláudia, uma das filhas de David, que também é pai de Luís Fernando, confessou que a mudança da oficina da rua Treze de Maio não foi fácil para ele. “Meu pai passou a vida trabalhando naquele pequeno espaço. Foi um choque para ele saber que precisaria sair de lá, mas, aos poucos, ele foi se adaptando ao novo endereço”, contou.

David observou que estava acostumado à rua por conta da movimentação. “Aqui é mais tranquilo, não passa tanta gente. É mais carro, pois é via de acesso a muitos bairros”.

David e a icônica frase, na placa, pendurada ao fundo da oficina: “Não sinta inveja de mim, porque não sou rico. Apenas trabalho”

Em outubro, a oficina completa um ano à rua Marechal Floriano, 472-A (descida do café Senhor Espresso). E David, mesmo trabalhando em outro endereço, não abandonou um de seus hábitos favoritos: a caminhada. São pelo menos seis quilômetros por dia. Inclusive ele faz questão de ir trabalhar a pé. “Me faz bem e tudo que me faz bem eu continuo fazendo. Veja, estou casado há 52 anos com a Jandira. Pensa no bem que ela me faz! (risos). Aliás, se hoje tenho o que tenho devo a seu companheirismo, uma mulher que sempre esteve ao meu lado e me apoiou em tudo. Não conquistei nada sozinho, conquistamos, ela e eu”, ressaltou.

Para o futuro, David pretende continuar trabalhando, é claro. “Acho a vida do ser humano muito curta, pois quando adquirimos conhecimento e experiência plenas sobre ela já estamos no final dela… Seria preciso viver até uns 150 anos para desfrutar mais deste auto-conhecimento que geralmente vem depois dos 60 anos… Mas, enquanto eu não chego na casa dos 100 vou continuar aqui fazendo meus consertos, atendendo pais, filhos e netos. Conversando com todos, contando ‘causos’, piadas e também falando sério, como estamos fazendo agora, eu acho, não é mesmo?”, concluiu, com seu sorriso discreto e contagiante de sempre.

Oficina funciona à rua Marechal Floriano, 472-A (descida do café Senhor Espresso), em direção à Vila Pereira

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