Dia do Dentista: Reynaldo Sperancini fala dos 43 anos na Odontologia
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Neste 25 de outubro, Dia Nacional do Dentista, o www.minhasaojose.com.br faz uma homenagem a todos esses profissionais que se dedicam a cuidar de nossa saúde bucal e traz uma entrevista especial com Reynaldo Luiz Rossi Sperancini, que completou 43 anos na Odontologia.
Durante o bate papo, que aconteceu em seu consultório com a presença da esposa, Ana Cecília Scali Sperancini e com cautela à prevenção da Covid-19, o dentista destacou a paixão pela área da Saúde, uma herança do saudoso pai, bem como momentos marcantes da profissão, que ele descreve como sendo “várias profissões em uma só” devido à sua complexidade.
Há 23 anos ele conta com o auxílio de Ana no consultório, uma cumplicidade que saiu do lar e ganhou a vida profissional de ambos. “Reynaldo sempre foi um dentista exemplar, consciente de seu papel perante à sociedade e que nunca parou de aprender, estudar e se aprimorar na profissão”, disse a esposa.
Reynaldo, que graduou-se pela Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto em 1977, observou que acompanhou todas as fases da chamada ‘nova odontologia’ e que mesmo com tantos adventos tecnológicos para tratamentos, qualidade cada vez maior nos materiais utilizados, a prevenção, desde a infância, continua sendo o melhor remédio para evitar as cáries, entre outras doenças bucais.
Na entrevista, ele mencionou os 38 anos que trabalhou na Saúde Estadual, além do trabalho social, sempre presente no exercício da profissão desde quando iniciou os atendimentos na cidade.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
Reynaldo, desde quando você sabia que seria dentista?
Reynaldo Sperancini: Desde pequeno sempre admirei a profissão do meu pai, que era farmacêutico e acho que isso me influenciou para buscar algo na área da Saúde. Quando cursava o colegial bateu aquela vontade de fazer algo diferente das profissiões até então tradicionais à época e optei pela Odontologia. Mas não passei no vestibular de primeira não. Em 1973 fiz um semi extensivo no Colégio César Lattes e, logo após, prestei unicamente o vestibular da USP/Ribeirão e tive a felicidade de passar. Aí não tive como ‘escapar’, mas foi uma das melhores escolhas da minha vida.
O que mais lhe chama a atenção na Odontologia?
Acho que a Odontologia é uma reunião de muitas outras profissões, pois engloba engenharia, física, química, desenho, etc, e isso me despertou curiosidade. Quando iniciei o curso foi paixão à primeira vista. Sempre tive a certeza de que havia escolhido a profissão certa.
E o que mais gosta de fazer nesta profissão tão complexa?
Já fiz exatamente de tudo na Odontologia, menos ortodontia, que realmente não me interessei. Mas, com certeza, o que mais gosto é da Implantodontia, inclusive participo assiduamente de cursos na área desde 1998, sempre buscando aprimoramento e qualificação.
Por falar nisso, você passou por diferentes fases da Odontologia. Como foram essas passagens?
Foram gratificantes. Aprendi muito em cada uma e é um privilégio acompanhar e poder desenvolver a odontologia em diferentes fases. Os equipamentos se modernizaram, a qualidade dos materiais utilizados também, até mesmo a maneira de trabalhar se adequaram a novas realidades, enfim, a odontologia é uma profissão em constante evolução e que sempre precisará de estudos também constantes.
Qual foi seu primeiro trabalho na área? Quando montou seu primeiro consultório?
Meu primeiro trabalho na área aconteceu quando eu estava no último ano da faculdade. Um amigo estava precisando de um auxílio no consultório dele, em São Paulo, e fui ajuda-lo. Lá adquiri muita experiência, pois foi uma espécie de ‘estágio’ antes de me formar. Meu primeiro consultório foi na rua Marechal Deodoro, onde iniciei em 1978 e lá permaneci até 1984. Em 1985 abri meu novo consultório, aqui na Fransciquinho Dias, onde permaneço atendendo até hoje. Além disso, na Saúde Estadual, onde prestei concurso em 1977 e ingressei no Posto de Saúde Central, que depois foi municipalizado. Após um período fui transferido para o Centro Odontológico na Vila Pereira e, por fim, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ao todo foram 38 anos de Saúde Pública.
E como o trabalho social aconteceu em sua carreira?
Mais uma vez meus pais me influenciaram positivamente. Quando me formei, ambos disseram: ‘filho, você tem uma profissão, estudou, tem conhecimento. Se você puder passar esse conhecimento por meio do seu trabalho para pessoas que não puderam ter a sua oportunidade, passe’. Sempre levei comigo esse pedido e essa lição de vida e tento, na medida do possível, atender as pessoas carentes que não têm condições de pagar um tratamento.
Você se recorda de algum momento marcante na profissão e que possa contar?
Sim, foram muitos, mas esse, literalmente, me deixou de cabelo em pé. Fiz uma cirurgia em que suturei toda a gengiva de uma paciente, inclusive utilizei cimento cirúrgico. Pedi a ela para que aguardasse pelo menos uma semana para que voltasse ao consultório e eu pudesse avaliar a cirurgia. Para minha surpresa e desespero, essa paciente me ligou três dias depois da cirurgia dizendo que havia tirado o cimento e os pontos. Levei as mãos à cabeça ainda ao telefone! Mas, graças a Deus, ela teve uma excelente cicatrização. O que também me marcou muito foi quando atendi um paciente portador de Síndrome de Down e que a mãe já havia perdido a esperança com relação a seus problemas bucais, com indicação de dentadura, sendo que ele era uma criança. Foi e é uma alegria trata-lo até hoje.
Você tem ideia de quantos pacientes já atendeu?
Nossa, milhares ao longo destes 43 anos. Gerações já passaram por aqui e graças a Deus sempre recomendam meu trabalho!
As pessoas ainda têm medo de dentista?
Sim, muito! Principalmente os adultos, pois tiveram experiências ruins que lhes marcaram ou pelas experiências ruins que seus pais tiveram e lhes contaram. Esse medo de dentista acabou passando de uma geração para outra e também pudera: antigamente os tratamentos eram muitos dolorosos, mais demorados, enfim, marcando negativamente muitas pessoas. As crianças, por exemplo, não têm mais esse medo, pois já vivenciam outra fase na odontologia e estão mais acostumadas a vir ao consultório do que gerações anteriores, que só procuravam o dentista quando a situação dos dentes estava muito ruim. Hoje, graças a Deus, isso está mudando.
Por falar nisso, a prevenção continua sendo a “melhor obturação”?
Sem dúvida. E essa prevenção deve ser feita desde a infância, aliás, a escovação, fio dental e práticas de higiene bucal devem acontecer desde sempre.
O que é o melhor e o que o pior na Odontologia?
O melhor, com certeza, é ver o sorriso de satisfação de um cliente em justamente poder sorrir novamente. É o dentista atingir aquilo que o paciente desejava. O pior creio que é o inverso, quando o paciente se frustra de alguma forma com os resultados, bem como esse medo das pessoas em ir ao dentista. De cuidadores da boca, passamos a cuidar das mentes inúmeras vezes. Dentista também é meio psicólogo quando é preciso!
O que a Odontologia representa em sua vida?
Tudo, juntamente com minha família. Minha profissão é onde me realizo como pessoa, onde pude adquirir o que tenho hoje. Sou e estou muito satisfeito com o que fiz e faço na Odontologia aqui em São José.
Para finalizar, gostaria que deixasse uma mensagem aos jovens dentistas que estão se formando agora.
Minha mensagem aos novatos é que tenham em mente que a Odontologia é bom senso, ética e honestidade. Se você conseguir aliar isso às técnicas tenha certeza que será um grande profissional!