Doença de Alzheimer: Neurocirurgião Dr. Jorge Santurbano explica sintomas, diagnósticos e tratamentos
Entrevista e texto: Natália Tiezzi – Assessoria de Comunicação Santa Casa/SAVISA
A Doença de Alzheimer: muitas pessoas falam sobre ela, mas poucas realmente sabem o que é, suas causas, fases e principalmente como diagnostica-la, bem como os tratamentos disponíveis atualmente, já que a patologia não tem cura.
Para falar sobre os temas acima, o Neurocirurgião Dr. Jorge Santurbano explicou o que é a doença, além de destacar as principais maneiras de preveni-la.
Durante a entrevista, concedida e publicada no Informativo SAVISA de março e gentilmente cedida ao www.minhasaojose.com.br, o médico fez uma relevante consideração, destacando a importância do diagnóstico precoce para o início da terapêutica medicamentosa.
Confira, abaixo, a matéria na íntegra.
Dr. Jorge, em resumo, o que é a Doença de Alzheimer?
Dr. Jorge Santurbano: A Doença de Alzheimer é um tipo mais frequente de Demência que acomete principalmente pessoas com mais de 60 anos e caracteriza-se por perda progressiva da memória para fatos recente e de outras funções cognitiva o que prejudica a realização das atividades habituais de forma autônoma e independente, orientação espacial, atenção e linguagem. Doença de Alzheimer é uma doença cerebral e não de envelhecimento normal.
E quais são as causas?
Sabe-se que a doença de Alzheimer tem alguma relação com fatores genéticos e com fatores de risco como envelhecimento, sedentarismo, traumatismo craniano, tabagismo, obesidade, diabetes, colesterol elevado e hipertensão arterial na meia idade. A doença surge quando certas proteínas especificas do sistema nervoso central começam a degenerar e seus fragmentos tóxicos atingem os neurônios e nos espaços entre eles, gerando uma disfunção nas conexões, acarretando a perda progressiva destes neurônios de certas regiões do cérebro como o hipocampo, que controla a memória e o córtex cerebral.
E quais são as fases da Doença?
Ela é basicamente dividida em três fases, sendo:
1 – Fase Leve – dificuldade na memória recente, na nomeação e em realizar tarefas mais complexas como finanças, compromissos, cálculos e sintomas depressivos por perceber e criticar as dificuldades que o mesmo enfrenta.
2 – Fase Moderada – Necessidade de supervisão na higiene pessoal, perde-se a crítica é surgimento frequente de alterações do comportamento como confusão mental, agressividade, perambulação, insônia, apatia, alucinação e tendência ao isolamento.
3 – Fase Grave- Dependência total de terceiros para vestir-se, banhar-se, alimentar-se, dificuldade para deambular e deglutir, incontinência urinaria e fecal não reconhecendo familiares.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnostico deve ser acompanhado ao histórico relatado por familiares ou acompanhantes próximos, investigação neurológica através de Tomografia Computadorizada, Ressonância Nuclear Magnética do cérebro que costuma apresentar-se comprometido (áreas do hipocampo-centro da memória) por demonstrar placas e aglomerados fibrilares, assim como através do teste Neuropsicológico auxiliando no diagnóstico da Demência.
Após o diagnóstico, quais são os tipos de tratamento?
O tratamento mais precoce possível é fundamental, e basicamente consiste em orientação aos familiares e cuidadores que não é uma tarefa fácil, organizar-se o dia-dia, administrar medicação, resolver problemas burocráticos e financeiros, lidar com o comportamento alterado, manter ambiente calmo e seguro, diminuindo situações de riscos, manter horário fixos para alimentação, higiene, lazer, realizar atividade física e ocupacional. Iniciar medicações especificas para a proteção cerebral como tentativa de estabilizar a doença evitando a sua evolução. Medicações indicadas por profissionais da área de acordo com a fase da doença. Controle rigoroso de outras doenças que possam agregar-se ao quadro, assim como supervisionar comorbidades na qual o paciente possa ter.
A Doença de Alzheimer tem cura?
Ainda não se tem cura para Doença de Alzheimer, sendo assim é importante o diagnóstico precoce, descartando outras doenças do sistema nervoso central como o Acidente Vascular Cerebral, Hidrocefalia, Demência Vascular Cerebral, Tumores, assim como iniciar a terapêutica medicamentosa.
E há formas de evita-la ou preveni-la?
Orienta-se para que a população assuma algumas estratégias como prevenção, tais como:
-Fazer diariamente jogos de estratégia (palavra cruzada, leitura)
-Praticar exercício físico com frequência.
-Dormir pelo menos 8 horas por dia.
-Manter pressão arterial controlada.
-Administrar uma rotina de trabalho e ocupação que traga satisfação.
O QUE É NORMAL NO ENVELHECIMENTO
– Ter uma vaga lembrança de um acontecimento
– Manter a capacidade de seguir indicações verbais ou escritas
– Esquecer-se de nomes ou palavras, mas recordá-los posteriormente
– Manter a capacidade de se lavar, se vestir e se alimentar, apesar das dificuldades impostas pelas limitações físicas
– Tomar uma decisão errada pontualmente
– Cometer erros ocasionais, por exemplo, ao passar um cheque
– Ficar confuso sobre o dia da semana e que se encontra, mas lembrar-se mais tarde
– Esquecer-se, às vezes, de qual a melhor palavra a usar
– Perder alguma coisa e vez em quando, mas conseguir encontra-la através do seu raciocínio lógico