Dona Therezinha: A matriarca da família Franchi-Teixeira conta sua experiência como mamãe
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Neste dia tão especial às nossas queridas mamães, embora todos os dias sejam Dia das Mães, o www.minhasaojose.com.br presta sua homenagem a todas aquelas que são mães biológicas, de coração, avós, tias, irmãs, enfim, mulheres que se dedicaram à arte da Maternidade, sim, porque ser MÃE, exige certa arte: para cuidar, ensinar, aprender e, muitas vezes, abdicar de tantas coisas com o único intuito de amar e criar os filhos.
E para representar todas essas MAMÃES, trazemos uma entrevista com ela, que se encaixa de forma sublime e perfeita às características citadas acima e que, assim como muitas mães, também abdicou até mesmo da carreira para se dedicar integralmente à Maternidade – e fez isso sem culpa: com vocês, a mamãe Therezinha Eunice Franchi Teixeira, ou simplesmente dona Therezinha.
Ao longo da entrevista, el contou um pouco de sua experiência como mãe, sendo que esteve grávida pela primeira vez aos 24 anos, durante um período bem diferente daqueles que vivenciamos atualmente, uma época que, como ela mesma destacou, os pais, principalmente as mães tinham um pouco mais de tempo para conviverem com os filhos.
Muito ligada à família, ela falou com orgulho dos dois filhos, Marinice e Roberto, além de mencionar com todo carinho o marido, Dr. Antônio Teixeira Filho, e, claro, os netos, netas, genro e nora.
E para quem pensa que dona Therezinha foi e é apenas uma boa mãe, engana-se: como diz sempre que pode o marido, Dr. Teixeira, “ela ‘manda’ na família. Administra tudo que temos, aconselha, puxa a orelha, enfim, é a verdadeira matriarca”.
Além da paixão pelos filhos e pela família em si, dona Therezinha também sempre foi apaixonada pela profissão. Graduada em Matemática pela PUCCAMP, lecionou no Rio de Janeiro e aqui em Rio Pardo na E.E. “Euclides da Cunha”, à época “Instituto Estadual”. Conciliou por anos as funções de mãe, esposa, dona de casa e professora. Entretanto, em determinado momento, decidiu dedicar-se exclusivamente aos filhos, à família, período em que mencionou de maneira muito especial na entrevista, que vocês, internautas, acompanham abaixo e na íntegra.
Dona Therezinha, com quantos anos a senhora se tornou mãe? Foi uma gravidez planejada?
Therezinha Eunice Franchi Teixeira: A 1° gestação, que foi a da Marinice, ocorreu quando eu tinha 24 anos. Nessa época morávamos no Rio de Janeiro e foi muita aguardada e desejada por nós.
A senhora teve que abrir mão de profissão por conta da maternidade?
Sou formada em Matemática pela PUCCAMP; lecionava no Rio quando me descobri grávida… mesmo assim continuei lecionando em escolas estaduais cariocas, até os dias próximos ao parto. Mas, após o nascimento de Marinice encontrei certa dificuldade para associar trabalho e maternidade, pois morávamos no Rio, longe de nossos pais. Assim optei por dedicar-me somente à família. Quando viemos morar em São José, para ficarmos mais próximos de nossa família, que é de Divinolândia, e com a Marinice já maiorzinha, resolvi voltar a lecionar Matemática e Física, no Instituto Euclides da Cunha, exercendo assim as funções de mãe, esposa, dona de casa e professora.
E quando ocorreu sua segunda gravidez?
Quando a Marinice completou 2 aninhos decidimos que era hora de aumentarmos nossa família! Assim chegou o nosso Beto, para completar nossa família, trazendo muita alegria para todos nós: Beto era o primeiro neto de meus pais, que já tinham 4 netinhas lindas. Recuperada de uma complicada cesariana, decidi retornar às aulas de Matemática e Física no Instituto, mesmo com 2 filhos pequenos, pois amava lecionar…
O seu esposo, Dr. Teixeira, lhe auxiliou na maternidade?
O Tona, como chamo carinhosamente o Teixeira, nessa época, com uma ascendente e brilhante carreira de médico na cidade, pouco tempo tinha para cuidar das crianças… apenas nos finais de semana passeávamos todos juntos, além das muitas viagens que fazíamos.
Qual foi a maior dificuldade que enfrentou depois que se tornou mãe?
Todas as mulheres que optam pela maternidade assumem funções múltiplas: mães em tempo integral, esposas dedicadas e gerentes do lar… muitas ainda continuam exercendo suas profissões, deixando-as, muitas vezes, com a sensação de culpa, por “abandonar” seu filho, por um período do dia. Muitas vezes, por algum motivo sério ou vontade própria, a mulher precisa abrir mão de sua carreira. Foi o que aconteceu comigo, ao me ver com dois filhos pequenos: decidi que era hora de deixar a função de professora, passando a me dedicar às crianças, à família, gerenciando também a clínica e os demais negócios da família, o que acontece até os dias atuais.
Qual foi a principal lição que seus filhos lhe ensinaram que contribuiu à sua maternidade?
Com a chegada dos filhos, a primeira lição que uma mãe aprende é desprendimento de si mesma e doação integral. E também principalmente a amar incondicionalmente e a dedicar-se plenamente para seus filhos. Porém, a contrapartida de toda essa dedicação e doação exclusivas é sentir uma felicidade infinita, além da nossa realização pessoal, que somente os filhos nos proporcionam… mas tudo isso vem recheado de muito trabalho e preocupação (risos). Na época da educação das crianças, tínhamos mais tempo para conviver com eles, conversávamos muito, tínhamos hora para estudar e se divertir, pois a vida era bem menos exigente e sem tantos atrativos virtuais. Nesse período, contei com o auxilio de pessoas muito especiais e eficientes, como a Tatá, a nossa Catarina, que esteve conosco desde o nascimento da Marinice – ela se dedicava às crianças com muito afeto e amor materna. Tenho muito a agradecer a Tata, por tudo que fez para meus filhos e depois aos meus três netos.
O que sugeriria às mães de hoje com relação à Educação dos filhos?
Às mães de hoje, sugiro que não deixem que a correria e as atribulações diárias a impeçam de uma maior convivência com seus filhos. Procurem conversar bastante com eles, demonstrar todo carinho, amor, atenção e respeito, em qualquer circunstância, pois isso eles levarão para o resto da vida. Nunca se esqueçam: não podemos ter preguiça de cuidar, dialogar, vigiar, checar companhias e amizades dos nossos filhos. Mas tudo isso deve ser feito com muito amor e disponibilidade para ajudá-los, em todos os sentidos.
Atualmente está mais fácil ou mais difícil ‘criar’ os filhos? Por quê?
Criar e educar filhos no mundo de hoje se tornou muito complexo e difícil. O mundo em que vivemos exige maior carga de trabalho dos pais, reduzindo o tempo de dedicação à família. Perdeu-se a oportunidade de estar junto aos filhos e vê-los crescer, superar novos desafios, amadurecer…
Dona Therezinha, e o que é ser uma boa mãe?
Diz o ditado que “Ser mãe é padecer no paraíso”, porém entendo não ser verdade pois para ser boa mãe nem é de tanto padecimento e nem sempre no paraíso. Para ser boa mãe é preciso entender que a maternidade só pode ser bem realizada com muito amor, dedicação e paciência; estar aberta para as várias mudanças que ocorrerão em vida e na vida de sua família, mas que tudo vale a pena com a chegada dos filhos. Eles são nosso maior estímulo para continuarmos lutando todos os dias.
Com a experiência que a senhora tem hoje, faria algo diferente com relação à maternidade?
Ter filhos nos oferece a oportunidade de tê-los ao nosso lado, poder compartilhar com eles as suas dificuldades e sucessos, auxiliando-os sempre que possível e através deles, esperar pela chegada dos netos, que são o verdadeiro amor incondicional. Portanto, o que fiz até hoje poderia ser repetido com muito sucesso e alegria!
Como a senhora se definiria como mãe?
Desde o nascimento das crianças, me propus a dar-lhes muito amor, afeto, e toda dedicação possível. Mas principalmente algo essencial para um filho: segurança e conforto (o colo da mãe); isso me fez sempre, estar à disposição deles e a seu lado em quaisquer circunstâncias, orientando, corrigindo e punindo quando necessário. Meu objetivo sempre foi juntar a família ao redor de um lar e guarda-los sob gigantesco guarda-sol… Creio ter sido essa mãe!
A senhora já se questionou se foi uma boa mãe?
Sim! Meu marido e eu, por vezes, nos questionamos se fomos e ainda somos bons pais.
Conforta-nos o fato de termos começado tudo sozinhos e hoje termos uma linda família, que muito nos alegra e nos orgulha. De um lado a Marinice com o Herbert, com quem mantemos contato quase diário e que hoje procuram zelar por nós, e de sua ninhada de filhos e noras: Roberto, Herbert, Mauro, Letícia e Isabella, todos profissionais dedicados me competente, sempre nos brindando com carinho e paciência. Longe em distância, mas pertinho do coração, estão Beto e Ana Cristina, doutores pela Unicamp, sempre muito atenciosos, carinhosos e atentos às nossas necessidades, com suas duas lindas filhas: Elisa, já iniciando o curso de Medicina, sendo ela a 7ª médica da nossa família e a caçulinha Larissa, cursando colégio americano, com pretensões de cursar medicina no exterior. Resta-me apenas agradecer e muito a Deus, por todas essas benesses que me foram ofertadas, para finalmente poder relembrar São Paulo “Estamos chegando ao final de nossa missão, lutamos a grande batalha mas sem nunca perder a fé em Deus!”
Para finalizar, qual é a característica essencial que as mães devem ter para ‘criar’ filhos de bem, cidadãos de bem?
Criar pessoas de bem é a mais árdua tarefa dos pais. Digo sempre que com o exemplo familiar de boa conduta, dedicação ao trabalho e respeito às leis sociais, religiosas e morais, os filhos certamente seguirão essa trilha. Precisamos ensina-los a viver com simplicidade, porém aproveitando ao máximo todas as oportunidades que surgirem, sem jamais se desviar dos seus compromissos e sem perder a fé em Deus e nos homens. Desejo um feliz abençoado dia das mães para todas nós!