Dra. Andreza Vital Barretto: 20 anos de Medicina e 16 dedicados à Endocrinologia
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Uma área da Medicina que ainda deixa muita gente com dúvidas sobre o que é: a Endocrinologia. Uma profissional rio-pardense que completou 20 anos dedicados à Medicina, sendo 16 deles à essa área médica: Dra. Andreza Vital Barretto.
E o www.minhasaojose.com.br, unindo o ‘útil’ ao ‘agradável’ traz a vocês, internautas, uma entrevista especial em comemoração aos anos dedicados à Medicina, além de muitas informações sobre a Endocrinologia com a renomada médica, que acaba de obter êxito em Concurso no município vizinho de Vargem Grande do Sul, onde também atuará.
Ao longo do bate-papo, Dra. Andreza destacou um pouco sobre a carreira, sua atuação em diferentes espaços de trabalho, bem como histórias de vida na como médica que, por vezes, emocionam e desafiam a própria Medicina.
Diagnosticada com Diabetes tipo 1 aos 18 anos, ela observou que a doença a incentivou ainda quando estava na faculdade, principalmente no ambulatório, pois era médica e paciente ao mesmo tempo.
“Durante a faculdade sempre gostei das especialidades clínicas, adorava os ambulatórios, conhecer as histórias dos pacientes e trocava sempre que possível a ida ao centro cirúrgico”, afirmou.
Conheçam, na matéria abaixo, mais sobre a Dra. Andreza, que, além de dedicar-se à Medicina também é casada e mãe de dois filhos, Letícia e Pedro, e também aproveitem para tirar dúvidas a respeito da Endocrinologia.

Minha São José: Dra. Andreza, quando e onde se graduou em Medicina?
Dra. Andreza Vital Barretto: Formei em Medicina pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto ( FAMERP) em 2004 e fiz especialização em Clínica Médica e depois Endocrinologia e Metabologia pela mesma faculdade. Tenho 20 anos de atuação e atuo desde 2009 como endocrinologista.
O que é um médico endocrinologista?
Endocrinologista é um médico especialista em doenças glandulares, alterações no metabolismo e disfunções hormonais.
Por que escolheu a Endocrinologia?
Durante a faculdade sempre gostei das especialidades clínicas, adorava os ambulatórios, conhecer as histórias dos pacientes e trocava sempre que possível a ida ao centro cirúrgico (risos). Eu sou diabética tipo 1 desde os 18 anos e no ambulatório de diabetes eu me realizei pois ali eu era médica e paciente ao mesmo tempo.
Qual foi o seu primeiro trabalho e onde quais são seus trabalhos atuais?
Meu primeiro trabalho como médica endocrinologista foi consultório em Palmas – TO, onde morei por 10 anos. Sou concursada lá e atendo uma semana por mês. Aqui em Rio Pardo tenho consultório na Clínica Equilíbrio e atendo SUS no Centro de Especialidades e na Pediatria.
Quais as doenças mais incidentes que você trata atualmente como endocrinologista?
As doenças mais incidentes são diabetes, obesidade e distúrbios da tireoide.
A partir de qual idade as pessoas devem procurar um endocrinologista?
Não existe uma idade certa. Pode procurar o endocrinologista em qualquer idade, desde a pediatria, caso se perceba alterações na curva de crescimento, ganho ou perda de peso; puberdade precoce ou tardia ou queda no rendimento escolar sem causa aparente. E na vida adulta se ocorrer irregularidade menstrual, alterações de sono e humor, ganho ou perda de peso, aumento de pelos em regiões de padrão masculino como face/ tórax/dorso, aparecimento de nódulo em região tireoideana, alterações na aparência como crescimento das extremidades. E também aquele paciente que tem fator de risco ou já está pré diabético, sinais para síndrome metabólica.
Por que os hormônios são tão importantes para nossa saúde física e mental?
Os hormônios são produzidos pelas glândulas e percorrem o corpo até encontrar as células que vão agir. A função é inibir ou estimular funções metabólicas, garantindo o equilíbrio. Por exemplo, se a pessoa está em jejum para uma cirurgia, o organismo percebe a queda de glicemia e o sistema pâncreas- fígado é ativado via hormonal para liberação de glicose, mantendo a glicemia normal. Essas ações reguladoras ocorrem de forma natural e silenciosa e só se tornam perceptíveis em casos de disfunções ou doenças que afetam a função glandular com maior ou menor produção hormonal.
Durante todos esse anos de Medicina, há alguma história curiosa, marcante que lhe aconteceu?
Tenho várias histórias! Uma delas, que me enche de orgulho, foi no início da minha carreira em Palmas. Uma paciente fazia tratamento para hiperprolactinemia secundário a um tumor hipofisario volumoso há tempos. Ela já tinha aceitação de que não podia engravidar, mas o casal se entristeceu quando eu perguntei. Pedi todo o seu histórico e fui estudar. Chamei o casal para conversar e disse que não via motivos para não tentar. Claro que seria uma gravidez de risco pela patologia e idade maior que 30 anos. No começo ficaram um pouco receosos, pois nossa relação médico- paciente estava começando e todos sabiam que eu era recém formada. A paciente confiou em mim, parou a medicação e engravidou naturalmente. No meio da gestação, repetiu a ressonância e o tumor sem tratamento não estava crescendo. Após o bebê nascer, o ginecologista queria que voltasse a medicação, mas eu preferi repetir a imagem no primeiro dia após o parto ainda internada. O tumor tinha crescido um pouco mas considerei que poderia amamentar por 6 meses. Após a data combinada, ela voltou o tratamento e o leite ” secou”. Não sou mais sua médica, mas ainda temos contato e sua filha Maria Vitória é linda!
O que é o melhor e o que é o pior nesta área da Medicina?
O melhor é um diabético enxergar que a doença pode ser chata, mas não é vilã, porque ela quer uma pessoa com hábitos mais saudáveis, uma mudança para melhor. O pior é um paciente obeso com real dificuldade para perda de peso, observando as propagandas das injeções para obesidade e não poder comprar, ter indicação para cirurgia bariátrica no SUS e sua vez na fila nunca chegar…
Para finalizar, o que é ser um bom endocrinologista?
Um bom endocrinologista tem que saber ouvir. Estar atento às queixas dos pacientes, mas lembrar que nem todo cansaço é culpa da tireoide, nem toda dor nos pés é culpa do diabetes, nem toda falta de libido é culpa da testosterona. A medicina não é estática, temos mudanças em diagnósticos e novidades em tratamentos, porém existe um mercado paralelo inventando doenças como ” fadiga adrenal ” e inventando tratamentos como “chip da beleza”. Por isso temos que nos atualizar sempre com estudos e diretrizes publicados em sites oficiais e congressos.