Emoção: Mãe reencontra o filho após 37 anos de separação
Texto: Natália Tiezzi Manetta (especial para Evidência Revista)
Muitas vezes o desespero, a falta de maturidade e até mesmo as dificuldades financeiras fazem com que tomemos decisões precipitadas, que, mais tarde, podemos até nos arrepender, mas que, naquele momento, se torna nossa única saída para o bem do próximo. Foi examente assim que aconteceu com dona Helena Zanetti, cuja história de muita tristeza, mas também muitos sorrisos e alegrias será retratada nas próximas páginas.
Essa passagem na vida de dona Helena faz com que todos nós reflitamos sobre julgamentos, preconceitos e aprendamos uma das maiores lições para a vida: “a persistência é amiga da conquista”. Portanto, amigos leitores, nunca desistam dos seus objetivos, por mais difícil que seja o caminho!
A entrevista foi baseada na participação de dona Helena e sua filha, Ana Carolina, em um programa de televisão, que também retratou a história de luta e determinação de mãe e filha para reencontrarem o filho e o irmão, respectivamente de ambas, após 37 anos de separação.
Dona Helena, conte-nos como foi a sua gravidez. É verdade que a senhora era muito jovem quando engravidou?
Helena Zanetti: Eu tinha 20 anos quando engravidei. Não foi uma gestação planejada e quando meu namorado soube que estava esperando um filho me abandonou.
E por que a senhora tomou essa decisão de entregar seu filho à adoção?
Era muito imatura e minha família passava por muitas dificuldades. Naquela época não tinha condições de cuidar dele. Por isso optei por entrega-lo à adoção, pois sabia que outra família poderia oferecer a ele o que eu não podia naquele momento.
Quanto tempo seu bebê tinha quando foi adotado?
Ele tinha dois dias e foi adotado por uma família holandesa. Meu filho foi criado por essa família na Holanda. Depois desse dia eu nunca mais tive contato nenhum com ele.
E como foram esses 37 anos longe dele?
Foram de muita tristeza, sofrimento, tive uma depressão profunda e, claro, arrependimento, pois uns 3 anos depois de ter entregado meu filho à adoção, um pouco mais madura, me arrependi do que havia feito.
Se a senhora pudesse voltar atrás teria feito diferente?
Sim. Jamais teria entregado meu filho à adoção, mas naquele momento só pensei que longe de mim ele ficaria melhor. E, realmente, ele foi criado com todo carinho e zelo pela sua família adotiva.
E como surgiu a oportunidade de reencontrar seu filho?
Nunca desisti de reencontra-lo. Passei esses quase 40 anos à sua procura e foi através de minha filha, Ana Carolina, que isso foi possível. Graças ao empenho dela em conhecer o irmão que toda essa bênção caiu sobre nós.
Então, Ana Carolina, conte-nos como tudo aconteceu.
Eu sempre quis ter um irmão e minha mãe dizia desde quando era criança que eu tinha um irmão. E encontra-lo foi uma promessa que fiz, uma missão de vida para mim e, além disso, a realização de um sonho para minha mãe. Não foi fácil, muita gente duvidava que eu ia conseguir, mas quando temos Deus à frente tudo é possível, como realmente foi. Soube de um programa de TV na Holanda, o Spoorloos (rastros perdidos), cuja proposta era encontrar pessoas que estavam perdidas de suas famílias e escrevi uma carta. Eles gostaram da história e, com a ajuda de um cantor, também holandês, reencontramos meu irmão.
Dona Helena, é verdade que meses antes do reencontro a senhora sonhou com seu filho?
Esse foi um momento muito especial. Realmente sonhei que ele chegava próximo a mim e me chamava de mamãe…
Conte-nos como foi esse reencontro.
Helena Zanetti: Foi o momento mais emocionante da minha vida. Chorei muito, o abracei, fiquei sem palavras para expressar tudo que senti naquele dia, em maio de 2017. Acho que todo aquele sentimento de culpa, de tristeza, de arrependimento ficou para trás naquele dia.
Ana Carolina: Nossa, foi um momento abençoado poder abraçar meu irmão Machiel pela primeira vez.
Como os pais adotivos de Machiel reagiram sabendo que ele viria ao Brasil conhecer a família biológica?
Eles apoiaram a vinda dele. Na verdade, ele ficou com receio de vir e desagradar os pais adotivos, mas eles sempre deram todo apoio para que esse reencontro acontecesse.
O que mudou na sua vida após o reencontro com seu filho?
Tudo! Sou outra pessoa, mais leve. Até a depressão melhorou. Fui muito abençoada por Deus por Ele ter me permitido essa aproximação com meu filho.
Vocês mantiveram contato após a visita dele?
Sim. Nos comunicamos pelo Facebook através de fotos, pois ele não fala Português. Porém, mesmo ele estando longe fisicamente sei que está bem e isso é o que importa.
E o que a senhora espera dessa relação daqui para frente?
Que ele venha nos visitar mais vezes no Brasil e que nós também possamos visita-lo na Holanda.
Além do fato de encontrarem o Machiel, qual foi a maior lição que tiraram de tudo isso?
Ana Carolina: Acho que a não desistir dos nossos sonhos, dos nossos objetivos, não importa o tamanho da dificuldade. Creia em Deus, sempre, e não desista, pois a persistência é amiga da conquista. Que nossa história sirva de exemplo para outras famílias que sonham em reencontrar seus filhos – nunca desistam!