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Jornalista Rio-pardense promove projeto de interação à Terceira Idade pela WEB

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Reginaldo Moreira, de camiseta preta, atrás, foi o idealizador do ‘Tecer Idades’, que saiu da UEL, em Londrina, e está ganhando o mundo virtual. Na foto, o professor com parte do grupo de idosos antes da declaração da Pandemia ao Covid-19

Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta

A vontade de mudar o mundo e transformar vidas fez com que o então jovem rio-pardense Reginaldo Moreira deixasse o curso de Direito e de Letras para estudar Comunicação Social. “Régis”, como é mais conhecido, residiu por 23 anos em São José, passou pela Guarda Mirim e seu primeiro contato com a sala de aula foi no extinto Colégio Grafos.

Graduado pela PUC/Campinas, Régis trabalhou 10 anos com Jornalismo Comunitário e foi aí que descobriu um norte à profissão. O jovem jornalista passou por muitas experiências profissionais, inclusive assessorias de imprensa em órgãos ligados à Saúde Mental, como o Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, onde trabalhou por 17 anos.

“Neste trabalho pude iniciar um projeto que abria espaço a pessoas em tratamento para falarem, ouvirem e serem ouvidas no ‘Programa Maluco Beleza’, contou.

O contato e o interesse pela melhor idade levou o jornalista ao mestrado em Gerontologia, pela Unicamp, e ao Doutorado em Comunicação e Direitos Humanos pela ECA – Escola de Comunicação e Artes/USP. “Neste ínterim eu ministrava aulas na PUC e desenvolvi, junto aos alunos, um projeto de extensão, o Viva a Idade, produzido por pessoas com mais de 60 anos. Essas experiências fizeram com que eu enxergasse o grande valor dos idosos à sociedade, contribuindo à mesma e fazendo-os sentirem úteis, produtivos”, explicou Régis.

Felizmente, o jornalista teve outra grande oportunidade para continuar o trabalho junto aos idosos, mas, desta vez, em outro estado, o Paraná. O projeto, intitulado ‘Tecer Idades’, está ‘alçando voos’ na WEB e já deu bons frutos por meio de outra extensão, o ‘Tecendo Redes’, que vem fazendo a diferença na vida de milhares de idosos, principalmente neste momento de isolamento social.

E mais: você também pode colaborar! Conheça um pouco mais sobre ambos e como participar dessa grande rede em prol aos idosos na entrevista com o querido conterrâneo.

Uma das reuniões de pauta entre alunos e idosos para a gravação do Tecer Idades (a reunião foi realizada antes da declaração da Pandemia do Novo Coronavírus)

Régis, como teve início e quais os objetivos do projeto Tecer Idades?

Reginaldo Moreira: Tudo começou quando soube de um concurso para professor na UEL – Universidade Estadual de Londrina, sendo que a disciplina Comunicação Popular e Comunitária era a que mais me interessava. Passei no concurso e em 2013 comecei a vislumbrar um projeto ou, melhor dizendo, uma oficina de TV para a Terceira Idade. Assim nasceu o ‘Tecer Idade’, onde dezenas de idosos, sob o monitoramento dos meus alunos do curso de Jornalismo, passaram a produzir conteúdos, que eram transformados em vídeos, inclusive com documentários biográficos, para um programa via WEB TV da própria universidade. Porém, após um tempo, percebemos que os idosos ainda preferiam o rádio como veículo de comunicação e migramos o Tecer Idades para a rádio da UEL. E foi um sucesso.

E o nome “Tecer Idades”?

Acho que foi um nome que ‘casou’ direitinho com a proposta, já que o projeto é realmente apresentar idades tecidas nas diversas idades da vida, mostrando que entramos num processo de envelhecimento a partir do momento em que nascemos e que a velhice não é um ‘estanque’ na vida.

E são os próprios idosos que escolhem os assuntos abordados?

Sim e isso é o mais interessante. Apesar do monitoramento feito pelos alunos, esse grupo de idosos, que está conosco no projeto desde 2014, quando foi desenvolvido pela primeira vez, cuida da pauta, da produção e até mesmo da edição. Os programas são temáticos e eles têm a liberdade para criar e, realmente, dão asas à criatividade.

Além de envolver a Terceira Idade, outras faixas etárias também se interessam e interagem?

Na verdade acredito que envolva toda a família. É um momento de reunião não apenas dos idosos, mas de demais familiares, até porque as pautas são bem atuais e os assuntos interessam não apenas aos maiores de 60 anos! Essa interação com outras faixas etárias é muito rica, pois estamos trabalhando um conceito de envelhecimento com todos os públicos. Vale lembrar que com o período de isolamento, as gravações presenciais não estão acontecendo por prevenção ao Novo Coronavírus.

Há algum projeto novo sendo desenvolvido, inclusive frente ao período de Pandemia?

Sim e já estamos desenvolvendo. Como as gravações presenciais não estão acontecendo, visto que as atividades acadêmicas também foram suspensas à prevenção da Covid-19, o grupo de idosos do Tecer Idades está promovendo debates e encontros virtuais por meio do Tecendo Redes. Na verdade esse projeto dentro do Tecer Idades começou a partir do pedido do presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa aqui de Londrina, Darci Villar, que convocou a UEL a compor uma frente de ações específicas para o enfrentamento da pandemia junto aos idosos que moram sozinhos, que somente aqui na cidade paranaense somam mais de 8 mil. Entendemos que esse isolamento social poderia ser prejudicial aos idosos do ponto de vista emocional. E assim foi criado o Tecendo Redes.

Uma das participantes do Tecer Idades durante gravação do programa na Rádio UEL. Essas gravações foram suspensas e agora o projeto Tecendo Redes está garantindo a interação dos idosos via Internet

Como o projeto funciona e é possível que o público também participe?

O Tecendo Redes reúne cerca de 40 voluntários, das mais diversas áreas da sociedade, inclusive profissionais em saúde, entre outras, que apresentam conteúdos via Internet linkados à fan page do Tecer Idades no Facebook. Inclusive duas profissionais rio-pardenses são nossas voluntárias, sendo a fotógrafa Soraya Morais Gaino e a fisioterapeuta Maria Benedita Bagodi. Na verdade já temos voluntários até fora do país e quem quiser nos auxiliar na produção destes conteúdos voltados aos idosos, basta entrar em contato comigo (43) 9844-1988. Além de voluntários, as pessoas também podem sugerir conteúdos. Estamos, realmente, tecendo redes!

Para finalizar, qual a principal lição que aprendeu em todos esses anos trabalhando com a Terceira Idade?

Passei a encarar o processo de envelhecimento realmente como um processo, já que a vida não é estanque após os 60 anos, ao contrário. As vivências e experiências de cada um serão sempre enriquecedoras. Em síntese, aprendi e entendi que envelhecer é viver.

Para quem quiser acompanhar o programa “Tecendo Redes”, ele é transmitido por meio de vídeos com os voluntários na fan page “Tecer Idades” no Facebook e também no Instagram. Todos os domingos, as 18h00, também acontece o “Conversa em Redes”, que conta com a participação online dos idosos do projeto. Os conteúdos também são transmitidos aos sábados, 11h00, pela Rádio UEL.

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