Katia Zenaro: Uma vida de amor e dedicação aos animais
Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta
Cada vez que olha para um de seus 16 animais de estimação, sendo 12 gatos e 4 cães, suas lágrimas vêm aos olhos, assim como quando conta alguns dos mais de 300 resgates de abandono e maus tratos que já auxiliou. Provavelmente você, leitor, já deve tê-la visto pelas ruas da cidade, seja resgatando, alimentando ou dando água aos animais de rua.
Essa mulher, que enfrenta problemas de visão, de estatura média e magra esconde uma força descomunal quando o assunto é a causa animal. Com vocês, Kátia Dorothea Zenaro que, em entrevista ao site, contou um pouco de sua rotina, às vezes alegre e tantas outras triste na luta pela vida de um bichinho, das incríveis histórias de recuperações e da conscientização ao não abandono de cães e gatos.
“Me identifico com os animais desde criança. Tínhamos em casa e minha mãe sempre me ensinou a respeita-los e amá-los assim como os seres humanos, pois também são vidas”, disse.
O primeiro animal que Katia resgatou das ruas foi há 20 anos, sendo uma cachorra, que estava prenha e deu à luz 12 cãezinhos que, infelizmente morreram. “Só tinha gatos aqui em casa e tinha medo de adotar cães, mas, graças a Deus deu certo. De lá para cá comecei a enxergar com outros olhos esses bichinhos abandonados à própria sorte”, contou.
Mas a dedicação aos animais começou mesmo após Kátia, que é Técnica de Enfermagem, passar por um grave problema de saúde, que lhe deixou sequelas, impedindo-a de voltar a trabalhar. “Queria me sentir útil novamente e vi que esse meu amor pelos animais poderia me ajudar a conseguir isso. E foi o que realmente aconteceu. Hoje eles são minha vida, são parte de mim”, afirmou.
HISTÓRIAS EMOCIONANTES: VIDA E MORTE LADO A LADO
Ao longo dessas décadas, Kátia coleciona histórias emocionantes de animais que ela ajudou a resgatar e salvar suas vidas. “O Bento é um caso que me marcou muito. Me ligaram avisando que havia um cachorro embrenhado numa mata e lá fui atrás dele, porém não o encontrei. Após algumas semanas, enfim, ele apareceu, porém, com uma das perninhas muito machucada, com os ossos soltando do músculo, da carne. Levei ao veterinário e a única salvação seria amputa-la, o que foi feito. Consegui entrar em contato com a família que era dona do cãozinho, que já estava com 14 anos, à época. Quando a família veio visita-lo, a alegria desse cão me emocionou (lágrimas). Mas, a família não pode ficar com ele, alegando que não tinha condições de cuidar de um cão velho e sem uma das pernas. Aquilo me arrasou por dentro, principalmente depois que soube que ele havia salvado uma das crianças da família da picada de uma cobra. Enfim, acabei adotando o Bento. Hoje ele é meu xodó. Está com 19 anos e ainda me ensina muita coisa sobre a vida”, relatou.
Todavia, nem todos os finais são felizes para os animais abandonados. Na semana passada, um gatinho foi atropelado e, novamente, Kátia foi ao seu socorro, amparada por outras pessoas que fizeram de tudo para salvar a vida do bichano. “Levamos até para Campinas, mas, infelizmente, não conseguimos salva-lo. Mas, pelo menos tentamos, tivemos atitude, o que anda faltando nas pessoas, principalmente quando se trata da causa animal. Ter dó diante de uma situação não salva o gato, o cão, enfim. Precisamos de mais atitude”, observou.
Para angariar recursos para os tratamentos dos animais que ajuda a resgatar ou até mesmo para comprar ração e medicamentos para os que estão nas ruas, Katia faz rifas e usa as redes sociais para auxilia-la. “Muita gente até condena minha atitude em expor certas situações com os animais, mas é uma forma de ajuda-los, pois quanto mais pessoas saberem, mais chances de ajuda. Às vezes até encontrar o dono do animal que está pelas ruas a Internet ajuda. Muitos casos já foram solucionados assim, pelos compartilhamentos das pessoas”.
SE NÃO PUDER TER, NÃO TENHA. MAS SE JÁ TIVER, NÃO ABANDONE!
Kátia destacou que apesar de muitos cidadãos se solidarizarem com a causa animal, principalmente auxiliando-a, já que ela também faz parte da Ong Unir, ainda tem muita gente que prefere abandona-los.
No momento da reportagem, por exemplo, Katia recebeu uma mensagem dizendo que filhotes de cães haviam sido abandonados sem a mãe. “Agora vou atrás de leite para esses cãezinhos, pois senão morrerão. É uma judiação o que algumas pessoas fazem. Existe ser humano muito cruel, aliás, nem pode ser chamado de ser humano alguém que abandona um animal, deixa-o em uma estrada, a mercê da sorte. O animal abandonado sente esse descaso do dono, pois tem amor por ele. O animal não percebe a pessoa como sua dona, mas como sua família. O sentimento dele com o ser humano é mesmo familiar”.
Mas, ao mesmo tempo em que há muito abandono, também há muitas adoções conscientes. “Já ajudei na adoção de animais para diversas cidades da região, na capital, enfim, isso demonstra o olhar solidário de alguns para esses animaizinhos que, enfim, ganharam um lar”.
Ela ressaltou a importância da adoção consciente e foi enfática ao dizer que se a pessoa não tiver condições em criar um animalzinho de estimação que não adote apenas para dizer que adotou. “Um animal precisa de cuidados e, principalmente, de carinho. É uma vida como qualquer outra, portanto, se a pessoa não pode oferecer isso é melhor não ter um bichinho”.
E não é só a adoção que salva uma vida animal. “Adotar é um dos caminhos, mas ajudar um cão, um gato, vai muito além de leva-lo para casa. As pessoas podem comprar ração e doar, bem como medicamentos veterinários que já não estão utilizando e estão dentro do prazo de validade, pois, muitas vezes, outros animais estão precisando. O que precisa ter, repito, é atitude. Se não pode adotar existem inúmeras outras formas de ajudar. O importante é a ação”.
Sobre o futuro, Katia reafirmou que os animais são sua vida e fará o que tiver ao seu alcance para ajuda-los sempre que isso for possível. “O olhar de um cão e de um gato quando você proporciona amor, carinho e cuidado com eles é impagável. Não é fácil essa vida de resgatar, cuidar, conscientizar as pessoas, mas quando um deles olha para mim esboçando aquele sentimento de gratidão o cansaço some e a vontade de continuar prevalece”, finalizou.