Mariana Fuzka: Rio-Pardense brilha no teatro e na TV em São Paulo
Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta
O olhar, a graciosidade e a simplicidade continuam os mesmos daquela menina bonita que conquistava a todos ao seu redor quando ainda era criança. Entretanto, os sonhos mudaram um pouco: de modelo do interior, a qual fala com muito orgulho dessa época que marcou sua vida, ela se tornou uma grande atriz! Com apenas 31 anos já coleciona dezenas de trabalhos no teatro e está galgando outros trabalhos na televisão, bem como no mundo corporativo.
Nossa entrevista destaque de hoje retrata um pouco da história dessa rio-pardense que, mesmo atingindo o sucesso na capital, jamais negou suas raízes e seu carinho por São José do Rio Pardo. Com vocês, Mariana Travesso Ferreira, ou simplesmente Mariana Fuzka, cujo apelido bem peculiar de infância se tornou seu nome artístico.
Ela contou sobre o início da carreira artística que começou em Rio Pardo por meio do promoter Márcio Barbosa, bem como alguns trabalhos marcantes na capital. Mariana também falou sobre preconceito e sua vontade de fazer acontecer nos palcos da vida.
“Era um sonho pessoal, pois convenci meus pais a deixarem eu cursar Teatro ao invés de Marketing, curso que havia prestado e passado no vestibular. Vencer aqui em São Paulo não é fácil, mas é um compromisso que tenho comigo mesma e com meus pais, que sempre acreditaram e me apoiaram em tudo”, disse a atriz rio-pardense.
Mariana esteve em São José no mês de dezembro e janeiro para fotografar para a nova coleção de outra rio-pardense que vem se destacando na moda sustentável, Fabi Pioltine. Entretanto, já voltou à capital para dar continuidade a seus trabalhos que, além de atriz, incluem apresentadora de programa de televisão e a coordenação de um projeto de Universidade Corporativa na empresa onde trabalha atualmente.
Confira um pouco mais sobre a vida e os trabalhos dessa rio-pardense, que confessou que um dos seus maiores sonhos é se tornar mãe!
Natália Tiezzi Manetta: Quando e o que te despertou à carreira artística?
Mariana Fuzka: Eu sempre tive um perfil expansivo e expressivo, sempre gostei de ler livros em voz alta, brincar de atuar em casa, sinais de que eu tinha uma pré-disposição a uma carreira dentro da comunicação. Prestei Marketing na faculdade e quando meus pais estavam sentados esperando para me matricular, eu peguei um daqueles panfletos com os cursos oferecidos e vi lá “Teatro”. A espera foi o tempo que tive para convence-los a deixarem me matricular em Teatro. Fui questionada e encontrei todas aquelas saídas do tipo “Se não der certo, eu mudo o curso”. “Deixa eu ao menos tentar, eu vou ser feliz”.
Antes de optar pelo Teatro, você modelou. Onde e quando foram seus primeiros trabalhos foram como modelo? Desde muito nova eu comecei a ser convidada pelas lojas de São José, através da minha mãe, para fotografar. Comecei, se não me engano, aos 10 anos. Aquilo me divertia, pois era algo que minha mãe me incentivava já que via que eu gostava muito. Acho que com 15 anos que realmente a vontade despertou em mim, quando o Márcio Barbosa anunciou o concurso “Face Model”. Eu participei seriamente de todas as etapas, aliás em uma delas eu voltei de um encontro de jipeiros, toda suja de barro, atrasada, implorando para me deixarem entrar, mesmo sem tomar banho (risos). Cheguei à final e de maneira sinceramente inesperada eu venci o concurso. Essa surpresa me trouxe uma fé de que poderia ser possível. O Márcio Barbosa foi alguém que sempre alimentou meu sonho e acreditou em mim, isso fez muita diferença.
E quando decidiu que seguiria a profissão de atriz?
Era uma vontade inquieta em mim, mas tímida, sempre pareceu algo distante e escolher cursar Teatro como graduação me trouxe uma necessidade de que tudo desse certo. Meu primeiro ano senti-me totalmente deslocada… Todos os meus colegas de sala já tinham alguma ou muita experiência em teatro. Para se ter uma noção, o Tiago Abravanel estava na minha turma, e eu, sem experiência nenhuma, só tinha ido assistir peças com a escola. Diziam na faculdade que eu seria a primeira a desistir do curso, a ‘caipirinha patricinha que assistia novela’. Mas eu precisava fazer dar certo, porque havia convencido meus pais, havia movido o meu mundo para fazer Teatro. E foi assumindo que eu não sabia nada, foi com muita humildade, que decidi que eu tinha tudo a aprender. Terminei o curso com umas 10 pessoas de uma turma de 40. Tive da minha banca o “feedback” mais especial e motivador que eu podia ter daqueles mestres que ainda são minha referência. Outra vez, a surpresa de que eu podia ir longe.
Seus pais sempre te apoiaram nas artes?
Minha mãe sempre foi aquela que não soltava a minha mão, aquela que me ama tanto que meus sonhos são também os dela. Ela me apoia emocionalmente em tudo o que faço, acreditando em mim mesmo quando eu não acredito. E meu pai sempre foi minha garra, meu chacoalhão, meu “faça acontecer” e quem me deu estrutura sem me deixar esquecer dos meus valores e sempre me cobrando resultado. Quer dupla melhor que essa? (risos). Os dois sofreram e sofrem, simplesmente por proteção, por amor, por medo, mas nunca me desamparam.
Conte um pouco sobre seus estudos, os quais têm muito orgulho em falar.
Sou bacharel em Teatro pela Universidade Anhembi Morumbi com extensão em Acting na Santa Fe University of Art and Design. Fiz pós graduação em Administração de Empresas pela FGV (esse para suprir minha carreira corporativa). Tenho um curso de Interpretação para TV com o Fernando Leal, fiz Workshops com a Margie Haber (uma referência em Hollywood) e fiz um curso do Método Eric Morris.
Você acredita que seus trabalhos como modelo te abriram portas para a carreira artística?
De certa forma sim, mas muito mais como estímulo, como uma caminho. Os dois mundos andam em paralelo, às vezes vocês encontra pontos que os ligam, mas modelar não faz você ser atriz.
Há algum trabalho como modelo ou atriz que tenha te marcado muito?
Todos me marcaram de formas diferentes, uns em São José como marcas de como tudo começou, como os desfiles icônicos que fiz com o Márcio Barbosa, e outros como grandeza do desafio. Tenho uma personagem que me marcou muito, a Margarida, uma octogenária, do espetáculo Doce Deleite (de Alcione Araújo), que quebrou um tabu quanto ao meu estereótipo. Todos ficaram surpresos ao saber que eu era atriz por trás daquela senhorinha idosa.
Você já sofreu preconceito por ser “uma menina do interior”?
Como contei, no primeiro ano de faculdade apenas, porque eu realmente destoava, mas era mais uma questão de adaptação. Eu mesma dou risada quando lembro, era cabível criarem preconceitos. Porém, nós do interior temos uma sociabilidade muito fácil e isso se destaca de forma positiva aqui em São Paulo. Só é preciso tomar cuidado com a ingenuidade do interior, onde todos se conhecem.
Cite alguns de seus trabalhos como atriz e quais são seus projetos para este ano.
Fiz 11 espetáculos ao todo, gravei uma web série, “Clube 27 – a série”, que aliás fui informada (anunciando aqui em primeira mão) que talvez gravemos a 3ª Temporada em abril desse ano. Também estou vivendo um desafio, desde dezembro do ano passado, que é o meu primeiro trabalho como apresentadora para um programa sobre carros, o Vida Automotiva, que estreia em março no canal Discovery Chanel. E, não menos importante, acabei de assumir um novo desafio no mundo corporativo para coordenar um projeto de Universidade Corporativa na empresa onde trabalho, que nada mais é que um centro de treinamentos.
Você sempre teve um carinho muito grande por São José e nunca negou suas raízes. Do que mais sente saudades quando morava aqui?
Sinto muita saudades da minha família, claro, mas também da facilidade das coisas, tudo está a 5 minutos de você. Saudade do “timing” do interior, tudo é mais calmo, as pessoas são menos aflitas, parece que temos mais tempo para tudo. Saudade da cor do céu daí, sem poesia, é verdade. Saudade da inocência da cidade do interior, da pequenez e ignorância que não nos dá a noção da realidade cruel do mundo.
Embora muito jovem, você pretende casar, ter filhos ou isso não está em seus planos?
Sem dúvida, meu maior sonho é ser mãe. Gostaria muito que meus filhos tivessem a infância no interior, como que eu tive e que tivessem minha família por perto. Hoje sou noiva, eu e o Tiago caminhamos muito juntos, temos objetivos muito próximos e quem sabe um dia não vamos envelhecer em Rio Pardo? (risos).
Gostaria que deixasse uma mensagem a todos que, como você, tem o sonho da carreira artística.
Toda carreira tem sua dificuldade, mas especificamente ser artista/ator no Brasil é uma luta diária. Se você tem uma chama queimando dentro de você que diz que essa é sua escolha, siga focado, mesmo que o caminho tenha curvas e trevos decisórios, o importante é saber onde quer chegar e o que quer levar na “mala”.
Para finalizar, eu não poderia deixar de te fazer essa pergunta: Como surgiu o apelido “Fuzka”?
Fuzka veio de um apelido de infância. Eu tinha por volta de 12 anos e começou por causa do meu pai, quando a loja dele, José Orlando Veículos, ainda usava o slogan “A casa do fusca”, assim começaram falando “A Mariana dos fuscas”. Um dia falaram perto de uma roda de amigos e foi motivo de riso. Quando vira piada, vira apelido, virei a Mariana dos Fuscas, depois Mariana Fusca e, por fim, Fusca. O “Z” e “K” foi da época do MSN, que estilizávamos os “nicknames”. Um amigo me sugeriu e passei a usar “MARIANA FUZKA”. No fim, as pessoas passaram a me conhecer assim, virou uma identidade, uma persona. Tenho até uma tatuagem para não esquecer minha origem que é muito simbolizada pelo apelido!
ABAIXO, UM POUCO DOS INÚMEROS TRABALHOS QUE MARIANA FUZKA PARTICIPOU