Milton Herrera: O Educador que vai muito além da sala de aula
Entrevista e texto: Natália Tiezzi Manetta
Um sonhador, mas que luta para que seus sonhos se tornem realidade, principalmente no âmbito educacional em São José do Rio Pardo. Assim podemos definir nosso entrevistado que além de contar um pouco de sua história também nos deixa uma importante mensagem para o próximo ano quando o assunto é Educação.
Estamos falando do Educador Milton Herrera, que no próximo ano completará 20 anos de trabalhos junto à Educação. Ele, bem como uma equipe de pessoas realmente comprometidas com o futuro desta nação, vem idealizando e colocando em prática ações e atividades, muitas inéditas, e que vem contribuindo para fomentar a discussão de assuntos relvantes no âmbito educacional.
Além de despertar o senso crítico, essas atividades desenvolvidas principalmente pelo Conselho Municipal de Educação, instituição em que Milton preside e foi reeleito para o próximo biênio, em parceria com outras entidades, entre elas o Fórum Municipal de Edicação, reúnem os mais diferentes públicos e chamam a atenção pela autenticidade, transparência e democracia em que os temas são abordados e tratados.
Conheça um pouco mais sobre Milton e também algumas atividades que foram e continuarão sendo desenvolvidas em 2020, a exemplo do Prêmio Cora Coralina, uma singela e merecida homenagem aos destaques da Educação rio-pardense.
Milton, quando e onde iniciou suas atividades junto à Educação?
Como profissional do Magistério iniciei minhas atividades profissionais como docente no Educandário São José em 2000, acumulando com a Rede Municipal de Educação de São José do Rio Pardo, principalmente nas Escolas do Campo da Fazenda Santa Helena, São Geraldo e Água Fria. Posteriormente, lecionei no extinto Projeto TUCA, que pertencia à Secretaria Municipal de Promoção Social, hoje a Secretaria Municipal de Assistência e Inclusão Social, desenvolvendo ações socioeducativas com crianças e adolescentes, principalmente na região do bairro Vale Redentor. E ainda, estive Conselheiro Tutelar, participei por muitos anos do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e ainda atuei junto a APAE e fui educador social no serviço de acolhimento institucional em outra cidade, e atualmente retomando a graduação em Serviço Social.
O que fez com que você optasse pela área educacional?
Além da sala de aula em si, acredito que a participação em projetos sociais. Nessa época em que eu trabalhava no Projeto TUCA que surgiu o convite para eu compor um novo projeto que estava sendo implantado no município, o Projeto Shalom, no segmento Cidadão Aprendiz, voltado ao atendimento socioeducativo de adolescentes, visando a reelaboração de suas vivências, apoio pedagógico e fortalecimento de vínculos, no intuito de torná-los conscientes de seu protagonismo, além de fornecer subsídios teóricos e práticos para a inserção no mercado de trabalho. Acho que a docência sempre esteve presente em minhas experiências, desde criança o “ser educador” já compunha minhas brincadeiras, sendo assertivo quando comecei realmente a trabalhar, principalmente nos projetos sociais, aos quais redirecionei minhas ações, percebendo o quanto podia ser, e ainda é, frutífera a junção da Educação e da Assistência Social, no processo de formação do sujeito, direcionando o mesmo à autonomia, somando ao empoderamento social.
O que é mais gratificante em trabalhar na área de Educação e Assistência Social?
Acho que a marca positiva que deixamos em muitos alunos e em suas famílias. Até hoje, passado alguns anos, reencontro ex-educandos que relatam o quanto foi significativo participar de tais projetos, a grande maioria inserida no mercado de trabalho, já com suas profissões, ou em formação. Assim as famílias que de certa forma constituíram vínculos comigo e até hoje mantemos contato, o que é muito gratificante, pois é a certeza que as ações desenvolvidas foram exitosas e assim tenho em mim a docência inquieta, viva, crítica, histórica e reflexiva – movida na esperança da reinvenção social.
Conte um pouco como foi seu 1º ano à frente do Conselho Municipal de Educação
Neste ano de 2019 completei a primeira fase do meu mandato como presidente do Conselho Municipal de Educação de São José do Rio Pardo, sendo reeleito no mês junho para mais um biênio pelos seus membros, e em setembro fui convidado e eleito para compor a Diretoria Executiva da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação do Estado de São Paulo – UNCME/SP, na função de primeiro-secretário e em outubro, os membros dessa diretoria foram surpreendidos quando fomos indicados e eleitos para assumirmos a vice-presidência da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, para que juntos possamos assessorar e mediar ações junto a todos os conselhos de educação, não só do Estado de São Paulo, mas de todo território nacional, o que é um grande desafio e responsabilidade. Penso que o convite feito para eu compor a Diretoria Executiva da UNCME/SP foi justamente devido às ações que o Conselho Municipal de Educação desenvolveu principalmente neste ano de 2019, algumas inéditas no território, como a I Ciranda pela Educação, na qual fomos agraciados com as contribuições da Dra. Angélica Curvelo Alves – Diretora de Formação da UNCME/SP, sobre a Base Nacional Comum Curricular e seus desdobramentos.
Além da Ciranda pela Educação, quais outras atividades foram promovidas neste ano pelo CME?
Citaria a I Mostra Cultural: a invisibilidade negra, da segregação à luta e resiliência!, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, e em atendimento à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, à qual acabou por difundir outras ações que serão realizadas no próximo ano, como a Semana Carolina Maria de Jesus e a oferta de uma formação aos docentes exclusiva sobre a História e Cultura Afrobrasileira, todas em parceria com a Coordenação Estadual da Brasil Afroempreendedor, através do sociólogo Rafael Pinto, além de uma exposição de fotos capturadas pelas lentes da fotógrafa Roberta Simões.
Além dessas programações que compuseram o Plano de Ação do Conselho Municipal de Educação, também foram organizadas reuniões intersetoriais com diversos segmentos da Rede de Proteção, inserida no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, para que juntos pudéssemos realizar a leitura territorial do município, na ótica da intersetorialidade, promovendo, otimizando e qualificando a oferta da Educação, como se observa no Plano Municipal de Educação.
Em novembro o Conselho, sempre em parceria com o Fórum Municipal de Educação, ofertou uma formação continuada aos docentes, totalmente gratuita, promovida pela Fundação Oswaldo Cruz, do Rio Janeiro, na qual alguns especialistas mediaram discussões sobre Educação, atuação e protagonismo docente, tecendo diálogos sobre as mais variadas questões pedagógicas e expressões sociais, ampliando a visão dos educadores que participaram de forma crítica, histórica e reflexiva, contribuindo significativamente para o processo de ensino aprendizagem dos educandos.
Outro evento que merece destaque foi a realização das conferências municipal e intermunicipal de Educação, realizadas com êxito e impulsionando novas ideias ao Conselho para o próximo ano. As conferências reuniram palestrantes consagrados, reconhecidos internacionalmente, como o Dr. Romualdo Dias, professor da UNESP e da Universidade de Madrid, além da Mestra Catarina Peixoto, Mestre em Engenharia Ambiental pela UERJ e especialista pela Cambridge University, no Reino Unido, e atualmente está Diretora Técnica da Draxos Consultoria Ambiental, do Rio de Janeiro e a Especialista em Educação Infantil Agatha Vicente dos Santos, membro da Diretoria Executiva da UNCME/SP e docente na cidade de Suzano.
E não podemos esquecer o I Prêmio Cora Coralina: da poesia à Educação!, realizado no mês de junho, que vem ao encontro do Plano Municipal de Educação, valorizando, reconhecendo e dignificando alguns educadores e outros atores que se destacaram nas suas funções, contribuindo grandiosamente à Educação, e também participamos da quinta edição do Fórum Social da Mogiana.
Qual a importância dessas ações no âmbito educacional?
Acredito que tais são essenciais, pois muito se percebe falar apenas na manutenção da Educação, na aplicação dos recursos e cumprimento da Legislação, todavia há que se pensar no desenvolvimento da Educação, na premissa da oferta de uma Educação pública e de qualidade, sendo nesta seara que realizamos todas essas ações.
Qual o seu maior desafio hoje perante à Educação?
Sobre desafios na atualidade é manter a esperança sempre viva para novos possíveis, considerando que a Educação contextualiza todas as novas vivências e relações com o meio. Sendo uma das prioridades para o Conselho e Fórum o monitoramento do Plano Municipal de Educação, em todas as suas metas para que possamos ter a leitura real do território para inéditos viáveis de intervenção.
Para finalizar, qual é o seu maior sonho para a Educação brasileira?
Costumo sempre recordar Paulo Freire, quando nos ensina que o ato de educar demanda humildade, coesão e amorosidade, além do contato que o comunico, assim de todas as vivências possibilitadas e permeadas durante essa minha jornada fica a certeza de que só se é possível aproximar o ideal de nossa realidade através da construção solidária, ética e dialógica, e assim sonho a Educação em toda a sua extensão.