Roquetur: Das viagens estudantis à 1ª agência de turismo da cidade
Reportagem e texto: Natália Tiezzi Manetta
Já se passaram quase 50 anos desde que o saudoso professor Roque Cônsolo, à época diretor do então “Ginásio Estadual Euclides da Cunha”, promoveu a primeira viagem estudantil com seus alunos. O destino variava entre Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Essas viagens eram tão bem organizadas que começaram a chamar a atenção dos pais dos estudantes, bem como da população, que passou a procurar o sr. Roque para também organizar outros tipos de passeios fora do circuito estudantil.
Mal sabia ele, mas, assim, sem nenhuma pretensão empresarial, estava surgindo o que seria a 1ª agência de turismo de São José do Rio Pardo. “Meu pai começou a tomar gosto na escolha das viagens e roteiros. Estudava, pesquisava cada lugar a se visitar e numa época que não tinha Internet para ajuda-lo. Tudo era na base do telefone, das recomendações e, claro, das visitas durante as centenas de excursões que realizou ao longo de sua vida”, disse Fernando Francisco Vitali Cônsolo, filho do senhor Roque.
Mas, o professor começou a se dedicar mais às viagens após a aposentadoria, que chegou em 1978. “Acredito que foi uma forma dele permanecer ‘na ativa’, pois meu pai, apesar de muito tranquilo, não sabia ficar parado, gostava de trabalhar. A demanda começou a crescer e ele já organizava viagens para toda a região, inclusive com roteiros religiosos. O primeiro escritório da empresa teve lugar na sala da nossa casa. Foi então que ele mesmo passou a entender que aquelas viagens haviam se tornado uma nova profissão e um ramo comercial, embora meu pai nunca fora uma pessoa ligada no dinheiro em si”, destacou Fernando.
O nome “Roquetur” surgiu de uma brincadeira entre os irmãos Lima que, inclusive, dirigiam alguns ônibus que levavam excursões organizadas pelo senhor Roque. Entretanto, a empresa só foi legalizada em 1987. “Como disse, meu pai não tinha pretensão nenhuma de criar uma agência de viagens. Ele gostava mesmo era de proporcionar o prazer de viajar às pessoas; de vivenciar aquele momento de descobertas de novos lugares com seus clientes, que se tornavam sempre seus amigos”.
Sobre a viagem preferida do pai, Fernando disse que era para os estados da região Sul, numa viagem que durava 10 dias, realizada no mês de janeiro.
DO ÔNIBUS AO AVIÃO: AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS
Fernando observou que no final da década de 80 iniciou-se uma nova fase na Roquetur, com uma migração natural das viagens rodoviárias para o transporte aéreo. “Foi uma época em que os agricultores da cidade haviam ganhado muito dinheiro com a cebola e optavam por viagens a Manaus, para visitar a Zona Franca e, claro, comprar inúmeros eletroeletrônicos e eletrodomésticos”.
Aos poucos, a Roquetur começou a ganhar o mundo e o senhor Roque sempre atento e oferecendo os melhores roteiros, com os preços mais acessíveis. “Acredito que o que fazia a diferença na empresa era a presença do meu pai nas inúmeras excursões que acompanhou. Ele foi um excelente ‘relações públicas’ tanto para captar, quanto para fidelizar clientes e fazia isso de forma natural, com sua educação, cordialidade, respeito e, claro, sabedoria”, afirmou Fernando, emocionado.
E a história do filho na empresa do pai inicou bem antes de Fernando começar a ajudar o senhor Roque na agência, em meados de 1992, quando terminou a faculdade de Direito, em Campinas, e regressou a Rio Pardo. “Eu cresci dentro dos ônibus de excursão que meu pai organizava. Participei de tudo aquilo desde criança e quando voltei a São José consegui exercer a minha profissão de advogado e auxiliar meu pai principalmente nas novas tecnologias que estavam surgindo, como o computador, por exemplo”.
Além de ajudar nas inovações tecnológicas, Fernando também auxiliou a Roquetur a incoporar as viagens marítimas (cruzeiros) em seus roteiros. “Também foi neste período, em 1993, que, finalmente, convenci meu pai a mudar a Roquetur para este prédio. Após uma certa resistência, ele concordou e fez deste espaço um segundo lar para ele”.
A NOVA RELAÇÕES PÚBLICAS: A QUERIDA NÉIA
O saudoso professor permaneceu na empresa até o ano de 2010, quando convidou a nora, Dulcinea Aparecida Barbosa Cônsolo, a Néia, para fazer parte da empresa. “Digo sempre que não fui eu quem assumiu o lugar do meu pai aqui na Roquetur, mas sim a Néia, que desempenha tão bem quanto ele o papel de relações púbicas da empresa”, observou Fernando.
Ele falou com carinho da dedicação da esposa à Roquetur. “Apesar de dividirmos os trabalhos por aqui, tem cliente que só quer falar com a Néia, que só fecha roteiros com ela! E ela me surpreende a cada dia, me incentiva, enfim, vejo na Néia a continuidade do amor e dedicação do meu pai pela empresa”.
Questionado sobre a concorrência, já que outras agências também ganharam a cidade, Fernando disse que há público para todas as empresas, mas a Roquetur fidelizou e fideliza seus clientes de forma especial. “Muitos dos nossos clientes foram clientes do meu pai e hoje agenciamos as viagens de seus filhos e netos. Essa proximidade que meu pai tinha com todos mantivemos até hoje aqui na Roquetur e isso faz a diferença. A atenção, o auxílio pela escolha do melhor roteiro, agilidade na parte burocrática (passagens, translados, etc) fazem e farão sempre parte da nossa empresa. Herança do meu pai que fazemos questão de manter com nossos clientes”, concluiu Fernando.