Silvana Pizani Cavalli: De aluna à diretora do colégio “Euclides da Cunha”
Entrevista e texto: Natália Tiezzi
Já são quase 30 anos dedicados à Educação em São José e também na região, num constante aprendizado, seja para aplicar seus conhecimentos em sala e também para aprender, não apenas com os milhares de alunos os quais já ministrou aulas, mas com os novos desafios impostos por essa nobre profissão de Educador.
A matéria especial de hoje destaca um pouco da história profissional de uma das mais queridas e respeitadas educadoras rio-pardenses, Silvana Aparecida Pizani Cavalli. Aos 48 anos, mãe de quatro filhos, ela, que possui nível técnico em Magistério, graduação em Direito e Pedagogia, e pós graduada em Educação, contou suas experiências profissionais, que tiveram início em 1991 na Escola de Educação Especial Cáritas.
Ao longo de quase três décadas, Silvana passou por inúmeras escolas e conquistou o carinho dos alunos, diretores e professores com seu jeito espontâneo e muita competência quando o assunto é Educação. Tanto que de aluna ela conquistou o cargo de diretora de um dos colégios mais tradicionais da cidade, a E.E. Euclides da Cunha, seu atual trabalho.
Alem das experiências profissionais, a Educadora falou sobre seus maiores desafios enquanto diretora de uma grande escola e também a respeito da educação estadual e brasileira, sempre se mostrando otimista ao acreditar e explorar o potencial dos alunos, sendo essa uma das maiores lições que aprendeu em todos esses anos de magistério.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
Silvana, já são quantos anos dedicados à Educação?
Silvana Pizani Cavalli: Já são 28 anos e 9 meses na Educação Municipal e 2 anos e sete meses na Educação do Estado de São Paulo.
Quais foram suas experiências profissionais ao longo de todos esses anos?
Passei por muitas escolas, atuando como professora da rede municipal de ensino. Iniciei em outubro de 1991 na Escola de Educação Especial Cáritas. Após fui ministrar aulas na zona rural, EMEI Fazenda Tubaca, EMEI Fazenda Guaxupé. De volta à zona urbana, passei pela Creche Municipal Vale do Redentor IV, EMEIF Stella Maris Barbosa Catalano, EMEI Professora Ada Parisi, EMEI São Judas Tadeu, EMEB Zélia Maria Zanetti, EMEB Vinício Spessotto e EMEB Nossa Senhora do Loreto. Também trabalhei na coordenação pedagógica com projetos de formação de professores na Secretaria Municipal da Educação de São José do Rio Pardo de 2002 até 2015 e como diretora nas escolas “E.E. Moisés Horta de Macedo”, em Tapiratiba e atualmente na “E.E. Euclides da Cunha”, onde estou desde junho de 2018.
A diretoria desse colégio tão tradicional em São José foi um sonho realizado, já que você é ex-aluna do mesmo?
Sim! Fui aluna do Magistério, que me abriu muitas portas na vida profissional e pessoal. Confesso que conquistar um cargo de diretor de Escola Estadual foi um objetivo alcançado, pois já estava no fim da carreira de professora e então achei que poderia me colocar novos desafios. Porém nunca havia pensado antes em ser diretora de uma escola específica, sendo que o desejo pela direção surgiu nos últimos anos, pois sempre gostei muito da sala de aula e da coordenação pedagógica. Indiferente de qual escola seria, quando surgiu a oportunidade de vir para São José do Rio Pardo, sabia das reais possibilidades de assumir a E.E. Euclides da Cunha. Sinto-me muito grata e honrada por estar na direção de nosso querido colégio e me emociono em saber que faço parte dessa história, agora como diretora! Quantas pessoas vivenciaram os melhores momentos de suas vidas aqui, se não os melhores, os mais intensos. Tenho respeito por todos que construíram essa história e sei da responsabilidade enorme que tenho hoje como diretora. Vejo a “Euclides da Cunha” como o coração de nossa cidade, quantas memórias afetivas carregamos… Meu desejo é que nossos alunos e colaboradores levem consigo muito aprendizado e, claro, boas recordações daqui.
Algum momento especial lhe marcou nestes anos dedicados à Educação?
Muitas histórias com alunos e colegas! Particularmente, fico muito emocionada quando os reencontro anos mais tarde, principalmente quando é aquele aluno que ninguém acreditava que se transformaria em um cidadão de bem e vejo que ele superou e se tornou uma boa pessoa, nos mostrando que valeu a pena não ter desistido dele. Precisamos acreditar e apoiar sempre! A alma fica leve e nos sentimos tão bem por ter contribuído na construção de tantas histórias. Sem contar os amigos que vamos agregando, dividindo nossas vidas nas escolas: quanto apoio tive de todos que convivi, quantas alegrias e tristezas compartilhamos… Muita gratidão a todos!
Qual é o seu maior desafio na Educação como diretora?
O maior desafio é engajar toda a comunidade no compromisso fundamental da escola, que é oferecer um ensino de qualidade, interessante e necessário para vida de nossos estudantes, relacionado às demandas sociais do mundo contemporâneo tecnológico, que tem como objetivos a formação acadêmica e também a formação humana, os quais contemplem o desenvolvimento global do jovem, onde as competências sócio emocionais como a empatia, o respeito às diferenças, a resiliência, colaboração e a solidariedade tão necessárias para a cidadania são trabalhadas intencionalmente. Os desafios aumentaram muito com a situação da pandemia. Estamos nos reinventando, aprendendo a superar nossos limites, nos colocando mais no lugar do outro, tendo que aprender constantemente a lidar com as novas tecnologias digitais, que com certeza continuarão a fazer parte do repertório das estratégias dos educadores.
Pode-se dizer que houve melhora na Educação Estadual nos últimos anos?
Não posso afirmar e nem negar categoricamente, porque tenho pouca experiência na Educação Estadual. Nos últimos 2 anos tenho observado nas escolas que temos dificuldades em conseguir alguns profissionais importantes em seu âmbito, como, por exemplo, um professor para sala de leitura, um professor mediador de conflitos, pois as verbas diminuíram. Porém, neste ano de 2020, estamos com PDDE Paulista que melhorou bastante. Estamos começando com algumas inovações no Ensino que acredito que podem melhorar bastante a participação e envolvimento dos alunos com suas aprendizagens: aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio são ministradas 5 aulas a mais por semana, através das 3 disciplinas diferenciadas do Inova: 2 aulas de Projeto de Vida, 2 de Eletiva (temáticas desenvolvidas pelos professores de acordo com os projetos de vida e escolhidas pelos alunos) e 1 de Tecnologia. Também estamos aguardando a implementação do novo Ensino Médio com a escolha dos percursos formativos pelos alunos de acordo com seus interesses e habilidades. E há um esforço muito grande voltado para formação continuada dos professores que se reúnem semanalmente por área de conhecimento, favorecendo discussões pontuais sobre suas práticas em nível de escola, de diretoria de Ensino e Secretaria Estadual da Educação, com ações que podem refletir positivamente no desempenho e na permanência dos alunos na escola.
Qual a sua opinião sobre essa troca de ministros da Educação no atual governo? Isso prejudica as áreas educacionais, principalmente agora em tempos de pandemia?
Tenho muito desprezo por um governo que até agora não apresentou e não executou nenhum plano de governo para a Educação…É triste e desesperador pensar em como teremos diretrizes se não há nem plano e nem gestores. Na verdade, tenho poucas expectativas, pois os últimos ministros foram muito incompetentes…
Qual foi seu maior aprendizado em todos esses anos trabalhando diretamente com a Educação?
O maior aprendizado é acreditar sempre no potencial humano. Todos nós somos capazes de aprender, educadores e educandos, e que através da Educação podemos nos tornar, além de profissionais, pessoas melhores.
Como profissional da Educação, que lição você passa diariamente para seus filhos?
A maior lição é nossa história de vida. Converso muito com eles sobre a minha história e a importância da Educação em nossas vidas. Eles presenciam e vivenciam a minha dedicação e minha satisfação com a profissão. Na Educação, mais do que ser exemplo, é dar exemplo e tento passar, através do meu cotidiano, essas experiências de vida a eles.
Para finalizar, o que realmente falta para a Educação deste país dar certo?
Costumo dizer que “não há bala de prata”. São problemas complexos que envolvem políticas públicas para décadas à frente, principalmente com a relação à valorização de todos os profissionais da Educação com melhorias na carreira e na remuneração salarial. Mas, independente da política, acredito muito na parceria entre a escola, a família e a comunidade. Todos juntos, com muito profissionalismo e compromisso social poderemos melhorar muito a Educação no país.