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Sofia Ratz: Com 16 anos de Magistério, ela optou pela Educação por influência dos pais

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Graduada pela FEUC, Sofia é pós graduada, tem mestrado e doutorado em Ensino de Ciências pela USP e atualmente ministra aulas no Ensino Fundamental II da E.E. “Dr. João Gabriel Ribeiro”

Entrevista e texto: Natália Tiezzi

Formar, lidar e transformar pessoas. A Educação sempre se fez presente na vida de Sofia Valeriano Silva Ratz, a qual o www.minhasaojose.com.br abre a série de entrevistas em homenagem aos professores rio-pardenses neste 2021. A primeira influência para que seguisse o magistério veio da família e depois do marido, também confidente e admirador de sua profissão.

Sofia cursou Licenciatura em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São José do Rio Pardo, atual FEUC, fez Pós-Graduação lato senso em Ensino de Ciências, pela Universidade de São Paulo (USP), mestrado e doutorado em Ensino de Ciências, pelo Programa Interunidades em Ensino de Ciências, também da USP. Atualmente ela está terminando a Pós-Graduação em Informática em Educação, pelo Instituto Federal de São Paulo. E, no ano passado, foi aprovada no pós-doutorado pelo Departamento de Biologia, na FFCLR Ribeirão Preto (USP).

Antes dos estudos acadêmicos, a jovem professora rio-pardense estudou em escolas estaduais, entre elas a E.E. “Profª Stella Couvert Ribeiro”, “Dr. João Gabriel Ribeiro”, “Tarquínio Cobra Olintho” e “Dr. Cândido Rodrigues”. No Ensino Médio, Sofia estudou em Mococa, onde fez curso técnico em Eletrônica.

Durante a entrevista, ela contou um pouco de sua trajetória de 16 anos na Educação, locais onde já exerceu o magistério e atua, bem como seus planos para o futuro.

Sofia destacou, ainda, a participação no projeto Girls inSpace, que lhe rendeu a publicação de um e-book; o que é o melhor e o que é pior nesta profissão; as lições aprendidas durante a pandemia e, claro, o que para ela significa “Educar”. “Educar significa transformar pessoas. E pessoas transformam o mundo… é isso!”

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Doutorado: Dia da defesa da tese, na USP, com os professores Dr. Bruno Santos; Dr. Marcelo Motokane e Dr.ª Cláudia Galian

Sofia, por quê optou pela Educação? Você teve influência de algum familiar ou amigo?

Sofia Valeriano Silva Ratz: Optei pela educação por gostar de lidar com pessoas e várias pessoas me influenciaram na escolha de me formar professora. Acredito que a primeira influência veio da minha família. Meu pai foi professor de Língua Portuguesa e Inglês e minha mãe foi professora da Educação Infantil e gestora escolar. Também tenho tias que são professoras. Então, os assuntos de família, de uma forma ou outra, giravam em torno da educação. Na visão dos meus pais, deveria seguir a profissão que me fizesse feliz. Até tentei ir para a área de tecnologia, que sempre gostei, mas na educação lido direto com pessoas o que, para mim, é mais instigante. Também tive uma professora de Biologia no Ensino Médio que admirava demais. Por fim, houve a influência do apoio do Adriano, meu marido, nos mais diversos projetos, sejam eles de atuação ou formação. Ele é advogado e sempre conversamos sobre os desafios das nossas profissões, pois ele também lida com pessoas. Isso nos fortalece e nos inspira mutuamente.

Quando começou a lecionar e qual foi a sua primeira escola?

Comecei a lecionar em 2005, logo que terminei a graduação e fui aprovada no concurso. A vaga era na E.E. “Antônio Duarte de Castro”, em Jacupiranga, Vale do Ribeira. Depois, consegui a remoção para a cidade de Itapira, na E.E. “Prof. Fenízio Marchini”. Trabalhei durante 9 anos designada Professora Coordenadora na Diretoria de Ensino.

E onde trabalha e qual seu cargo atualmente?

Desde 2017 assumi as aulas de Ciências da E.E. “Dr. João Gabriel Ribeiro”. Atuo como professora de Ciências em turmas de 7º, 8º e 9º anos.

 Momento marcante: Palestra sobre a importância da Educação Ambiental realizada na Semana do Meio Ambiente de 2019 em Rio Pardo

Gostaria que falasse um pouco sobre o “Girls inSpace” e a publicação de seu e-book.

O projeto Girls inSpace é um programa, apoiado pela Draxos Consultoria, que tem finalidade de incentivar mulheres e meninas a buscar a educação em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Busca aumentar a conscientização sobre oportunidades de carreira científica e a importância da igualdade de gênero e empoderamento no setor espacial. A estratégia é formar professoras da educação básica para trabalhar o eixo Terra e Universo, da Base Nacional Comum Curricular. 2020 foi a primeira edição do projeto e incluiu apenas professoras de Ciências de escolas públicas de todos os Estados brasileiro. Foram trabalhados temas voltados à Astronomia, do currículo dos 8º e 9º anos. Em todas essas aulas, buscou-se unir aos assuntos abordados no livro “A luneta e Isabelle” (livro1 da coleção Girls InSpace). Foram 20 horas de capacitação, mais atividades de “tira-dúvidas” pelo WhatsApp. As aulas ocorreram aos sábados pela manhã e, logo em seguida, havia mentoria para a elaboração de um plano de aula com a temática “Terra e Universo”. O trabalho final foi a entrega  de um plano de aula. Após avaliação das coordenadoras, meu plano foi aprovado para publicação de um e-book, a ser disponibilizado para professoras de todo o Brasil. O título da aula é: As estações do ano e os saberes indígenas. Ao final da aula, espera-se que os alunos desenvolvam os seguintes aprendizados: relacionar o movimento de translação e a inclinação do eixo da Terra com as estações do ano; analisar e comparar esquemas voltados à Astronomia; reconhecer as características dos conhecimentos tradicionais indígenas, valorizando seus saberes em um diálogo horizontal com a cultura científica. Agradeço ao CME pela indicação, à Draxos pelo apoio ao projeto e as coordenadoras do curso: Dra. Alessandra Pacini; Dra. Patrícia Cruz e Ma. Rafaela Lima.

Qual foi o seu momento mais marcante como professora?

Tem vários momentos que são marcantes. Vou relatar um que aconteceu no começo desse mês. Uma ex-aluna minha me enviou mensagem agradecendo o que fiz por ela, enquanto professora. Ela disse que estava fazendo um curso técnico e fazendo pesquisa, em parceria com universidade. Disse que queria entrar em uma universidade federal e que seria a primeira da família dela a realizar esse sonho. Em um ano tão difícil, bem no finzinho, receber uma mensagem dessa foi bem marcante.

 O que é o melhor e o que é o pior nesta profissão?

O melhor são esses reconhecimentos que nos apontam que a educação valeu a pena. Não necessariamente de entrar em uma universidade, mas de saber que o sonho da aluna e do aluno está sendo realizado e que tivemos um papel na base dessa realização. O pior da profissão é ler ou ouvir algo de pessoas/autoridades que não entendem de educação falando sobre assuntos relacionados a ela, sem levar em consideração o que os professores têm a dizer. É uma falta de respeito com o profissional que trabalha com a base da sociedade.

 Professora Sofia junto a seus alunos nas discussões sobre o meio ambiente durante a Virada Sustentável no município

Qual foi a principal lição que a pandemia lhe trouxe?

Como professora de Ciências, a principal lição que a pandemia me trouxe foi a certeza de que o ensino de Ciências é fundamental para nossa sociedade. Precisamos avançar cada vez mais nos aspectos conceituais, mas também focar em como a ciência e a tecnologia são produzidas e os diversos aspectos sociais, econômicos, políticos que influenciam nessa produção. A popularização do acesso à internet é um fenômeno que está transformando a nossa sociedade. Porém, nem tudo é maravilha: nesse “mar” há informações boas, úteis e há aquelas que são ruins. Saber navegar é um desafio que é posto para todos nós, mas, em tempos de pandemia, fica mais evidente a necessidade de entendermos as complexas relações do fazer científico.

Vamos falar sobre o futuro? Quais são seus projetos profissionais nos próximos anos?

Quero produzir pesquisa em Ensino de Ciências. Quero continuar ensinando Ciências. Quero promover a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero.

Para finalizar, o que significa “educar” para você?

Educar significa transformar pessoas, como bem disse o patrono da educação brasileira, Paulo Freire. E pessoas transformam o mundo… é isso! Agora basta escolhermos que mundo queremos.

Momento família: Sofia, a terceira da esquerda para a direita, junto às irmã Sarah e Adeline e a mãe Ana Maria
Sofia com a sogra Maria Aparecida, o sogro Benedito, o marido Adriano e o pai, Mozart

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